quinta-feira, dezembro 30, 2010

I need this "smack"!

Inverno

Qual estação do ano é você?

"Você é reservado e cauteloso quanto à amizades, seleciona muito bem quem o rodeia. Também gosta de estar sozinho e não vê isso de forma deprimente. Prefere optar por caminhos seguros e não gosta muito de se arriscar. Trocaria tudo por uma noite cercada de pessoas queridas, em volta de uma lareira, tomando chocolate quente ou um bom vinho. Você gosta mesmo é de ler um bom livro. Cuidado para não parecer anti-social!"

Christmas Lights



Sei que o Natal já passou, mas sintam essa música!

"Those Christmas lights
Light up the street
Down where the sea and city meet
May all your troubles soon be gone
Oh Christmas lights keep shining on"

quarta-feira, dezembro 29, 2010

Conto desastradinho

Eram três moças. Cada uma com uma mala cheia de caquinhos de coração.

A primeira pegou cola e pregou as partezinhas uma na outra com muito paciência. Colocou debaixo do braço e sentou na grama, muito aliviada.

A segunda mocinha esfarelou ainda mais os caquinhos e os pôs numa garrafinha. Numa panela, juntou o pozinho vermelho com 50 gramas de amizade, 50 gramas de carinho, uma coisinha de água e mais uma coisinha de areia. Misturou bem e voilá! Ficou uma beleza de coração, que ela pendurou no pescoço, muito faceira. Sentou ao lado da primeira e esperou, feliz.

A terceira costurou os retalhinhos de coração um a um com linhas muito coloridas e uma agulha bem fininha de costurar gente. Misturou com uns enxertinhos de patchwork e ficou uma coisa linda de se ver. Colocou no chão e deitou a cabeça no coração novo, bem ao lado das amigas.

Um dia, um vento de primavera trouxe um moço com cara de príncipe, que puxou a primeira mocinha para uma dança. Mas, a mocinha só sabia dançar valsa e ele queria tango. Música errada. Passo brusco. Coração no chão. Foi em três tempos que o primeiro coração remendado caiu. O rapaz fugiu de vergonha e a moça ainda junta os caquinhos sozinha até agora.

A segunda mocinha se achava prudente com seu coração pendurado no pescoço. Não ia deixá-lo cair. Mas veio um segundo moço, com uma carinha de inocente. Disse que era joalheiro, pediu pra ver o coração. Queria fazer corrente de ouro presse coração tão valioso. A moça prudente, que não era, afinal, tão prudente assim, tirou a peça do pescoço. O moço disse que ia cuidar, pra ela não se preocupar. Tropeço. Cuidado! Crash! Em três tempos o coração de joia virou pó. O rapaz disse que a culpa não tinha sido dele, deu desculpa que precisava trabalhar e sumiu. E a segunda moça ainda corre contra o vento com a garrafinha na mão, tentando juntar o pó de coração.

A terceira mocinha estava com a cabeça descansada no seu coração de patchwork. Veio um moço cansado e pediu um tantinho do coração almofada. Depois pediu um pedacinho de tecido pra remendar o coração dele próprio. Puxou a linha com força e... Fio quebrado. Alinhavo desfeito. Retalhos desconexos. Em três tempos os retalhos viraram um monte de pano sem utilidade. O rapaz disse que a culpa tinha sido dele, mas que não sabia costurar. Foi embora. Até hoje, a terceira moça tenta remontar o coração. Nunca acha a linha certa.

Moral da história: moços são muito desastrados, cuidado com eles.

segunda-feira, dezembro 27, 2010

Passarinhos verdes


Ontem eu vi uma revoada de passarinhos verdes. Não era apenas um passarinho verde. Dezenas deles. Estavam muito arrumadinhos, voando em V, atravessando as nuvens de um céu nublado lindo. Fazia frio e eu estava agasalhada com minha blusa comprida preferida, de florezinhas azuis, rosas e marrons. Soprava um vento que deixou meu nariz vermelho e feliz. No meio das árvores, eu só ouvia o sopro da natureza e dezenas de cantos de pássaros. Ao longe, gente querida conversava animadamente. Respirei um ar com cheirinho de mato molhado.

Quem está apaixonado parece que viu passarinho verde, é o que dizem. Mas, ontem eu vi uma revoada de passarinhos verdes e descobri: sentir isso aqui que está em mim até agora, é melhor, bem melhor, do que estar apaixonada.

The Magic Numbers - Take A Chance




"It's a crying shame,
That the love you've made,
Is a cross, that you bear,
When it's coooooooooooooooooooooooooooold,
Why don't you leave me alone?"

terça-feira, dezembro 21, 2010

Procura-se

Mãos vazias para afagar cabelos de uma cabeça carente. Lábios ociosos a ansiosos para cantar canções de amor e calma em ouvidos atentos. Pés mornos para esquentar pezinhos gelados. Preferível que se traga muitos sentimentos no portifólio. Exige-se respeito e língua que fale a verdade. Não paga-se nada. Exceto amor.

Oração muito minha para 2011.

Senhor da Vida,

que no escuro, eu me preocupe em achar os corações que eu amo, e só depois a mim mesma. E que esse escuro não seja mais motivo de medo, pois um lado de mim é criança, mas o outro precisa se conservar adulto.

Que eu tenha mãos seguras para não soltar meus sonhos, meus amores, minha família, minha fé, meus ideais.

Não me deixe sentir perturbada por coisas que não valem à pena. E que eu perceba quando elas realmente não valem.

Que eu veja mais nuvens brancas com formatos de animais e também nuvens pretas que deixam o tempo pesado, fresco e incrivelmente lindo.

Que eu não perca a capacidade de me maravilhar, de me enternecer com coisinhas simples. E que as crianças continuem a sorrir pra mim sem razão, contanto que eu saiba retribuir cada sorrisinho.

Eu quero fazer promessas que eu possa cumprir, quero abraçar muito e acariciar os cabelos de gente que eu amo.

Senhor, dá-me coragem para estudar muito, trabalhar muito por mim mesma e não desistir, mesmo com dor nas costas, na cabeça e no coração.

Que o dinheiro venha para pagar as contas e levar gente querida pra passear.

Que eu dê mais que peça. Mas, quando for preciso pedir, que eu peça com sinceridade e receba com alegria.

Que quem eu amo tenha surpresas boas. E quem eu não amo também. E que isso seja o bastante para me fazer sentir feliz.

Que eu possa aprender a esquecer os erros dos outros e me concentrar em corrigir os muitos meus.

Quero a dádiva de magoar menos e aprender a usar o remédio do perdão. Que eu perdoe e que os outros me perdoem e que sejamos pessoas felizes e sadias depois disso.

Que o meu pai seja o meu pai, do jeito que ele é. Amando o que faz, sendo espírita, protegendo e instruindo. Ensinando com tanta convicção, como só ensina quem pratica de fato. Segurando nossas mãos e convidando para um café ou um jantar de risos. Que ele tenha a certeza de que ele é um dos laços mais apertados que já criei nas fibras do meu coração espiritual.

Que minha mãe seja minha mãe. Sem tirar nem pôr. Essa pessoa linda e sincera. O poço mais profundo de conselhos, o baú de amor. As pernas e mãos e pensamentos muito ligeiros, o jeito pra ontem que me faz rir e amar ser filha dela. Aquela que todo mundo admira, mas ninguém tem coragem de ser igual. De se doar, de se compadecer e não se importar em chorar pelos outros. E que ela entenda o quanto esse amar a deixa especial.

Que meus irmãos continuem sendo meus melhores amigos. Que a gente se fale mais, brinque mais, saia mais, se abrace mais. E que assim seja até ficarmos velhinhos por muitas e muitas vidas.

Peço ainda a proteção do invisível. Não me deixe esquecer que é muito necessário orar e ter fé.

Que as lágrimas sinceras que meus olhos derramam agora, ao escrever estas palavras, continuem sinceras e rolem muito este ano, mas que sejam apenas de alegria e que sirvam para lavar a minha alma.

E que assim seja.

domingo, setembro 19, 2010

Agradecimentos

Ontem fui procurar minha monografia de término do curso de Jornalismo, que fiz há quase 3 anos. Acho que já não sou uma foca! Para quem não conhece jargão jornalístico, foca é aquele jornalista fresquinho. E não é redundância, mentes perversas! "Fresquinho", nesse caso, quer dizer que acabou de se formar e tá entrando agora no mercado de trabalho. Pois é, já cresci e não devo ser mais um foca, que se maravilha com qualquer nomezinho seu que aparece na mídia.

Mas ainda me maravilho com minha monografia, sobre jornalismo infantil. Como eu consegui terminar ela, gente? Ficou linda. Fui ler a dedicatória e os agradecimentos e quase chorei. Lembro que quando os escrevi, as lágrimas caíam aos montes. Há sempre muito a agradecer àquela gente que te aguenta, mesmo quando você está a ponto de matar um. E é tão melancólico relembrar esses tempos idos.

Uma verdade piegas que nunca deve ser esquecida é: nunca esqueçam de deixar muito claro o quanto as pessoas significam na sua vida. Isso é um fato que o tempo ligeiro me ensinou. É como eu mesma disse há 3 anos: "A todos esses, o meu muito obrigada, do fundo do meu ser ainda imperfeito". Vejam:

"EXISTE UM JORNALISMO INFANTIL?

Análise do suplemento infantil do jornal O Povo"

Monografia apresentada ao Curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Ceará como requisito para a obtenção do grau de Bacharel em Comunicação Social, habilitação em Jornalismo, sob a orientação do Prof. Agostinho Gósson.


DEDICATÓRIA


Dedico esse trabalho aos meus pais amados, Regilane e Francisco Cajazeiras, aos quais tudo devo e com os quais aprendi a construir os alicerces do amor infinito. A eles, que eu sei que estarão comigo sempre, aqui e nas futuras existências.

AGRADECIMENTOS

A Deus, suprema inteligência, causa primeira de tudo e, sobretudo, Pai amorável.

Ao Espiritismo, pela fé raciocinada que proporciona e pelo conhecimento ímpar acerca da vida e da morte.

A Jesus, Irmão maior, Mestre dos mestres.

Aos Espíritos amigos, que estão sempre próximos, auxiliando, confortando e impelindo-nos para o Alto.

A todas as crianças, por serem potencialmente as agentes de mudança do mundo. Pelo riso frouxo e pela simplicidade.

Ao Instituto de Cultura Espírita, minha segunda casa, por ser meu local de apoio e conforto espiritual, onde renovo minhas forças para continuar a caminhada rumo à felicidade, que ainda não é deste mundo.

Aos meus pais, pela paciência, pelo amor e pela educação moral, intelectual e espiritual a mim dispensada. Pelos laços familiares apertados que criaram ao longo dessa e de outras existências.

Aos meus irmãos, Ítalo e Alana, por serem meu porto seguro, verdadeiros amigos, sem os quais não consigo pensar o amanhã.

A toda minha família, por me ensinarem valores contrários aos distorcidos e egoístas que ainda tomam a sociedade atual.

Àqueles aos quais eu posso chamar de amigos verdadeiros, por segurarem a minha mão e atravessarem os momentos felizes e difíceis juntos, incondicionalmente.

Agradecimento especial para Nay e Jó, amigas amadas, pela torcida, pelo carinho, pelo cuidado e pela paciência.

Agradeço às amigas Simone, Kelly e a todas as minhas queridas do Caixinha de Surpresas, Dháfine, Pri e Terezinha. A vocês pela companhia, pelas risadas, pelas tardes felizes, pelos trabalhos, por tornarem até os momentos de estresse conjunto, saudosos; pelo carinho e pelos objetivos comuns alcançados ao longo desses rápidos e intensos 4 anos.

Ao meu orientador, professor Agostinho Gósson, por ter me orientado e pelo imenso respeito que tenho por ele.

Ao professor Nonato Lima, pela admiração de sempre, pela simplicidade, pela amizade e pelo apoio constante ao longo do curso.

À professora Inês Vitorino, pela ajuda valiosa.

À professora Andréa Pinheiro, eu prontamente se dispôs a participar da minha banca.

A todas as autoras de monografias, teses e trabalhos sobre mídia, criança, suplementos infantis e Clubinho, que prontamente me ajudaram, ao mandar seus trabalhos e dicas de bibliografias, em especial à Jucimara Gurgel, pela presteza e compreensão.

Aos queridos do Clubinho, pela ajuda e pelas portas sempre abertas que eu encontrei ali.

A todos esses, o meu muito obrigada, do fundo do meu ser ainda imperfeito.

sábado, agosto 28, 2010

Francamente, foi de graça

Eu achei por esses dias um fanzine feito por três amigos muito queridos, que na época nem eram assim tão amigos. Faz tempo, nem sei como tinha esse zine por aqui ainda. Só sei que essa poesia aí, que, descobri, é um sambinha, estava na primeira página dele. Não sei porque esse textinho sempre me vinha à lembrança, acho que por ser tão inteligente. Afinal, quam não daria 25 cruzeiros para esquecer um amor doloroso, hein? Esquecer alguém demora tanto, não dá pra rasgar as lembranças tão facilmente. Aposto que você também daria 25 cruzeiros para alguém destruir as provas da felicidade de outrora. Francamente, é barato. Amor velho é um atraso de vida.

Praça Clóvis - Paulo Vanzolini

"Na praça Clóvis
Minha carteira foi batida
Tinha vinte e cinco cruzeiros
E o teu retrato
Vinte e cinco
Francamente achei barato
Prá me livrarem
Do meu atraso de vida
Eu já devia ter rasgado e não podia
Esse retrato cujo olhar me maltratava e perseguia
Um dia veio o lanceiro
Naquele aperto de praça
Vinte e cinco, francamente, foi de graça"

terça-feira, agosto 10, 2010

The Strokes - You Only Live Once



"Some people think that are always right
Others are quiet and uptight
Others they seem so very nice nice nice nice nice
In fact they might feel sad and wrong"

tuesday's song!

quarta-feira, julho 28, 2010

Mulher sem razão.

"Ouve o teu coração
Batendo travado
Por ninguém e por nada
Na escuridão do quarto"

(Ouça na voz do Ney Matogrosso ou da Adriana Calcanhoto)

sexta-feira, julho 23, 2010

A menina dos olhos.


Alana tem uns olhos lindos. Faz um quarto de século que ela nasceu (tão pouquinho em relação a todo o tempo do mundo) e os olhos dela sempre foram lindos. Tão lindos que Ariane, sua irmã, desconfia que Deus resolveu preservar os olhos dela desde que os criou. Sim, Deus deve ter dito: eles são minha obra-prima, não vou mudá-los de uma encarnação a outra. Mas Ariane só pensa assim porque enxerga nos olhos da Alana duas plumas confortáveis que fazem carinho dentro do coração dela. Uma cosquinha de saudade, de lembrança. Tanta, mas tanta lembrança que não há de ser só de um quarto de século, sabe como é?

Mas são olhos tímidos, esses da Alana. Olhos danados que escondem, às vezes, a alegria que a Alana insiste em guardar para poucos. Escondem uma delizadeza, uma leveza, que às vezes é coberta por uma nuvem escura de chuva que a Ariane sempre pensa que é melhor que chova logo e deixe vir aquele Sol de novo. Aquele Sol dos olhos da Alana é inconfundível. Ah, quem não o conhece vive em um mundo triste. Talevez a Alana pense: porque a Ariane é assim tão metida a engraçadinha? Ora, ela quer ver um sorriso que desanuvie o par de olhos mais lindo que Deus já fez. Aqueles com Sol quente.

Alana, agradeça a Deus pela Ariane por esses olhos de Sol? Agradeça a Ele por esse amor que sai dessas suas janelas verdes? E abra as janelas para um dia sem nuvens, por favor?

Alana, quer ouvir um segredo? Chega mais perto pra ouvir: Ariane ouviu o vento soprar que o futuro de vocês é tão feliz quanto o presente. Ele disse meio soprando dentro do ouvido dela: um futuro lindo, com olhos desanuviados que entram dentro dos outros sem o mínimo pudor. Não parece lindo?

domingo, junho 13, 2010

Ah, a inveja.

Basta você estar feliz para aparecer esse negocinho aí, a danada da inveja. Experimente ter uma namorado ótimo, um emprego legal, ser promovida, ter uma família bonita, vestir-se bem, cortar o cabelo, comprar um carro, ter boas ideias ou escrever mais ou menos... Uma só dessas coisas já desperta a inveja abissal de alguns.

Aí você olha para o lado, já foi. O olho daquela sem classe já está no ex-homem da sua vida. Cortaram o cabelo igualzinho ao seu. Compraram um carro da mesma cor e da mesma potência do seu (talvez até mais novo). Aquela sua roupa legal, você já nem usa mais porque todo mundo tem uma igual. O estilo dos textos mais simples que você escreveu estão no orkut e no blog de gente sem personalidade. Orkut e blog? Vamos me poupar. Imitações baratas são tristes. Escreva um livro, scharmand.

Que gente pequena. Contentar-se com o usado? Não, obrigada. Pode ficar com meu velho eu, com o que já usei. Não é difícil me reinventar. Só não dê assim tão na vista, da próxima vez.

Agora, renovada, você? Pra cima de mim? Rá.

sexta-feira, junho 11, 2010

É novidade?

Vi na Folhaonline hoje uma reportagem sobre como esquecer um grande amor. MAs não, não, foi na parte dedicada a mulherzices. Foi na parte de saúde. O especialista em neurologia comportamental da Universidade de Iowa, nos EUA, Antoine Bechara, veio ao Brasil para explicar como esquecer um grande amor. Ele criou uma teoria baseada em estudos sobre mecanismos cerebrais e explicou tudinho no 6° Congresso Brasileiro de Cérebro Comportamento e Emoções (que por sinal acontece até justamente o dia dos namorados, ou seja, amanhã, em Gramado - RS).

Transcrevi aqui pra vocês:"Veja as dicas do neurologista para esquecer um grande amor:

Só lembre das coisas ruins. Nada da história de que defunto posto, só sobram as boas ações. Recorde-se de quando ele esqueceu o aniversário de namoro e de todas as mancadas que ele dava. Quanto mais forte forem os pensamentos negativos, mais fácil será superar o fim do relacionamento.

Mude o foco da sua atenção. Nada de pensar no cara o dia todo. Se possível, arranje um novo namorado logo para que ele seja sua nova prioridade. “Não vejo razão neurológica para afirmar que é melhor superar uma relação sozinho e não com outra pessoa. Esse é o caminho mais difícil, e por que escolhê-lo, então?”, pergunta Bechara.

Não vá a lugares e se coloque em situações que lembrem o ex. Se ele não está na sua frente, para que trazê-lo sempre com você?

Mantenha o cérebro ocupado. Comece um hobby, distraia-se com outras coisas e evite sempre pensar nele.

A distância, e não o tempo, é uma dos melhores amigas para superar alguém. É muito mais difícil esquecer a pessoa se você a vê todos os dias, e todas as sensações e emoções voltam à tona com frequência. “Tenha sempre em mente que o amor é como o vício, você é sempre vulnerável”, diz o neurologista. Neste caso não existe ex, por isso, fique sempre longe do primeiro gole, ou da primeira troca de olhares."

Agora, cá pra nós. É incrível como os cientistas querem hoje provar por pesquisas essas coisas que a gente já sabe na prática, né não?

quinta-feira, junho 10, 2010

Démodé

Sou demodê. Gosto de música antiga (alguns chamam de "velharia"), admiro cantores que já morreram, curto bandas que já acabaram. Não gosto de raves e acho música eletrônica cansativa. Passar uma noite inteira acordada me deixa de mau-humor. Não sei dançar e também não faço muita questão.

Adoro dizer "no meu tempo..." e completar com algo que aconteceu há alguns anos e não acontece mais. Também não me importo quando as crianças me chamam de tia e não tenho a mínima saudade da minha adolescência.

Conforto, ar-condicionado, carro, avião, são coisas que me fazem mais feliz do que calor, andar a pé, fazer caminhada ou trilha. Adoro minha cama quentinha e não acho que seja legal acampar. Não que eu ache ruim dividir espaços, contanto que existam banheiros não-públicos para usar.

Gosto de praia pra ver o mar, não pra usar biquine ou pegar um bronze (exagero no protetor solar pra manter a branquelice que Deus me deu). Gosto de serra pra sentir frio e tomar chocolate quente (e, se possível, soprar aquela fumacinha de frio), mas fujo das serras com festivais que reúnem um monte de gente que não se importa em dormir no chão e usar banheiro público.

Sou antiga mesmo. Aprendi muito com os meus pais e sigo muitos dos conselhos deles. Nunca me revoltei contra minha família e adoro sair com eles, de preferência todos juntos.

Minha ideia de comemoração não inclui um choppinho, nem excessos ou passamentos. Fico mais feliz jantando fora com gente querida e ousando até comer sobremesa!

No amor, sou muito, muito demodê. Quanto? A ponto de querer envelhecer com alguém. A ponto até de fazer poesias, quando apaixonada. A ponto de ficar ouvindo músicas românticas e mandando trechos delas por sms. Chego ao cúmulo de querer casar, ter filhos e sonhar com férias em família. Não sei paquerar (essa palavra é demodê, mas não combina comigo), acho sem classe dar em cima de pessoas comprometidas. Mas não sou tão antiga a ponto de me apaixonar por pessoas que poderiam ser meu pai, ou avô (é difícil de acreditar, mas isso agora está na moda).

Não sou workaholic, apesar de ter escolhido uma profissão que me priva de feriados e finais de semana. Mas tiro religiosamente todos os anos meus 30 dias de férias e faço questão de aproveitar minha folga da melhor maneira: viajando, dormindo bastante, vendo filme e lendo. Aliás, ler, olha que coisa de gente velha, ler faz parte da minha rotina diária.

Gosto de escrever com o português todo certinho e tenho uma mania horrível de ficar corrigindo o português errado das coisas por aí.

Adoro gente educada, que respeita, ajuda e tem cuidado com os outros, sem segundas intenções.

Até na moda, essa coisa moderninha, que inclusive adoro (tá vendo, nem sou assim tão velha...), admiro mais aquele ar retrô, como franjinhas, lacinhos, bolinhas.

Dispenso lentes de contato e abuso dos óculos, mesmo cheios de grau.

Sim, confesso, sou muito demodê. Antiga, mente velha. Podem falar, podem mesmo. Se bem que até gosto de coisas modernas, algumas, que posso falar um dia em outro post. Mas sabe que até prefiro ser assim mais (pra usar uma palavra da moda) retrô?

quarta-feira, junho 02, 2010

Quem mexeu na minha serotonina?

A inspiração não vem. Nem a caneta e o papel me arrancam os suspiros. Quando sento aqui, em frente ao computador, essa máquina que me liga o mundo, que me acompanha o dia todo, toda a inspiração se esvai. E isso é estranho e péssimo, porque meu trabalho depende da inspiração, sabe? Mas é sentar aqui, e tudo some. Parece um bloqueio.

Leio mil blogs e invejo alguns. Não porque são famosos, nem porque são bonitos ou tem um design lindo que eu não consigo fazer. Mas é que as pessoas conseguem escrever. Gente que consegue colocar sentimentos e ideias em palavras. E sempre que eu consigo isso, fico mais leve. É só por isso que esse blog existe. Vocês, os poucos que me leem, acompanham quão confusa, louca, desarrumada, largada, é minha alma. Mas quando eu não consigo me expressar, minha alma fica mais pesada e minha cabeça também.

O fato é que ser humano é muito, muito complicado. Eu decidiria que não quero mais, se eu pudesse. E o que isso tem a ver com não conseguir escrever, você me pergunta. Tem muito a ver. Mas se eu explicar, não vai ter graça.

E quem mexeu na minha serotonina?

quinta-feira, maio 06, 2010

Dos valores

Porque eu posso suportar que me chamem por outro nome. Posso suportar que deixem de me amar. Posso suportar que não queiram mais me ver, que se decepcionem comigo, mesmo eu tendo feito tudo sem querer. Posso acreditar quando me dizem que eu não presto. Posso até me perdoar por não conseguir deixar de acreditar nas pessoas até que elas me provem o contrário. Posso suportar cólica, dor nas pernas, nas costas e no coração. Posso admitir facilmente que não sou melhor do que ninguém. E posso até dizer (e digo) que sou pior. Não ouço, falo muito nas horas erradas, pouco nas horas de falar. Gosto de gastar, não sei economizar, mesmo pregando o planejamento financeiro todos os dias no meu programa de rádio. Sou muito pequena, ainda, muito pequena. Cometo, sim, uma série de pequenos pecados. Muitas vezes posso ser imperdoável. Mandona, crítica, lamento à toa, reclamo de tudo. Me altero. Corrijo erros de português sem quem ninguém me peça. Sou seletiva, preconceituosa com quem bebe, quem fuma e com muitos gêneros musicais. "Não gosto do bom gosto, do bom senso, dos bons modos". Quando quero, me irrita não ter. Sou impulsiva. Dengosa, carente, esquecida. Trabalho muito, até mais do que gostaria. Não tenho tempo e não dou a atenção necessária a muita gente.

Mas injusta, não. E mentira, nunca admiti. Não aceito. Não concordo com mentiras. Sob hipótese nenhuma. Mentiras destroem o conceito que faço de caráter. Mentiras não são aceitas no meu mundo.

Agora, doutores, gostaria encarecidamente que alguém me respondesse: porque a gente insiste em querer que os outros nos tratem como nós os tratamos? Pois eu posso respeitar os diferentes valores que cada um tem. Mas não, não consigo respeitar a falta de valores.

terça-feira, maio 04, 2010

Dói aqui, doutor.

- Nome?

- Ariane, mas pode chamar de Ari, Ári.

- Qual a queixa da senhora?

- Senhorita, que ainda não casei, doutora. Nem casei.

- Da senhorita...

- É dor - diz e se deita lentamente na maca. Pensa que é um divã.

- Onde é a dor?

- Bem aqui, no coração - toca no local com cuidado.

- E como é essa dor? Arde? Se espalha?

- Arde demais. E se espalha também. Minhas costas ficam tensas, meu pescoço. Tudo dói. E é uma ardência sem fim. Queima tanto. - levanta desesperada. Depois deita e olha para o teto. - Acho que morro aos poucos, doutora. Deve ser sério. Acho que morro.

- Sei. E a dor melhora com alguma coisa?

- Sim. Chocolate. É tiro e queda.

- Sinto, mas só posso encaixar seu problema como dor psicogênica.

Ela engasga. Tosse.

- E é grave doutora?

- Apaixona-se com frequência?

- Pouco, mas intensamente.

- Sim, é grave.

segunda-feira, maio 03, 2010

Deixo meus bens para...



Eu e o Caramelo ficamos tão dramáticos, quando doentes...
Mais dele em: http://bichinhosdejardim.com/

quarta-feira, abril 28, 2010

And your hand is held open intentionally, or just what I want to see?

Dá pra perceber que aprendi agora como postar vídeos no blog? Hehe.

"Are they saying sorry or please?
I don't know what's happening, help me
I don't normally beg for assistance
I rely on my own eyes to see
But right now they make no sense to me
Right now you make no sense to me"

Failure is always the best way to learn

Kings of Convenience tem o poder de deixar meu dia mais leve. Ainda vou escrever mais sobre como as músicas aliviam as tempestades. Por enquanto, deliciem-se com uma das minhas preferidas.

terça-feira, abril 27, 2010

Mas vai ser.


A cidade dorme. Na rua, o gato mia, mas tão de levinho que parece mais uma alma de outro mundo. Até ele respeita o sono, a noite, o silêncio profundo. Tem uma casa onde um pai chora, abraça uma mãe desesperadamente dolorida.

Um pai perdeu seu filho e se encheu de dor. Um filho perdeu sua vida e mudou-se com sua alma para longe. Dores se espalhavam pela cidade que dormia. Dores que gritavam, dilaceravam os ouvidos do coração. Lá dentro, quem sofria, ouvia bem o grito, o choro. Mas só lá dentro, dentro de si.

Milhares de dores, milhões. Filhos que se foram, amigos que se foram. Insegurança, egoísmo, traição, orgulho. Tudo o que gerava milhões, milhões de choros incontidos, de sofrimentos que gritavam por dentro, que implodiam lentamente, se é que é possível, quem os sentia.

Do outro lado da cidade, amigos separavam-se de amigos com muitas lágrimas nos olhos. Eram corpos inteiros que choravam, choravam por inteiro, desmanchavam-se.

A cidade escura e silenciosa guardava diversos corações. Uns dilacerados, uns bem feridos. Uns tão escuros, derramavam líquido viscoso e negro que se espalhava, espalhava seu odor e pouco a pouco poluía o ambiente, fazia arder os corações feridos, magoava-os tanto. A cidade quente às vezes ficava, sim, muito gelada.

Mas tinha alguém aspergindo um aroma de lavanda num cantinho da cidade quente-gelada. Tinha alguém desvestindo o preto e colocando cores, distribuindo sorrisinhos, gentilezas. Tinha alguém ofertando curativos , sedativos, paliativos para os dilacerados. Esses 'alguéns' eram os mesmos que faziam passar a noite e ligavam a luz do Sol. Como uma grande mão que abre uma janela blackout pra deixar a luz entrar. Tudo esquentava mais uma vez. O ar puro da manhã inundava tudo e os líquidos pretos, as invejas, as traições, os egoísmos, escondiam-se, iam morrendo, porque não suportam luz. A coisa acontecia assim, nos cantinhos da cidade. Era assim sempre, na cidade. E todo mundo chegava à conclusão de que isso era a vida. E quem disse que ela é bela?

terça-feira, abril 20, 2010

Jogue o guarda-chuva no lixo.


É que chove tão pouco e hoje é nosso verão-inverno. Ou seria inverno-verão? Venta tanto lá fora. E aqui dentro faz calor. Quero segurar na mão sua e sair com um vestidinho fresco, correr no quintal, vamos? Com essa sua roupa mesmo, vamos feito loucas, vamos? Meu cabelo quer água que vem do céu. Meu rosto, meu corpo, eles querem.

Corremos. Pulamos. A água cai e cai. Penso que vou escrever sobre isso, sobre como banho de chuva lava a alma. Deitemos no chão e abramos nossas bocas. Esqueçamos da idade, do emprego, do trabalho, da obrigação, da tensão, da roupa engomada e limpinha. Chutamos a água que ficou nas pocinhas. Cantamos "singing in the rain" e "tomar um banho de chuva".

Ah, assim, sim. Cabelos gotejando, roupas pesadas de água, lábios arroxeados, queixos tremendo, risadas incontroláveis. Chuva hilariante, parece! Vamos, a gente corre. As mãos pra cima, um ritual pra chover mais, parece. Parece que somos loucas, que somos pequenas, que somos crianças, que somos nós. E tão lindas estamos na radiante noite de chuva. Lá na rua umas crianças de verdade, daquelas que as mães não estão nem aí, correm e gritam. E nós aqui no quintal. Pinga, pinga. Acabou. Vamos deitar no chão, pedir mais? Pedir mais chuva ou mais noites destas? De repente meu sorriso não quer mais sair do rosto.

Alguns receitam, pra curar problemas, banho de sal grosso ou banho de mar (entrando de costas, parece). Eu digo: chuva. Chove e a gente chove junto. Chova. E jogue aquele trambolho que chamam de guarda, mas é, na verdade, um espanta-chuva, no lixo. Vamos chover?

segunda-feira, abril 19, 2010

"Como é estranho ter saudade de si mesmo"

Perdi você, agenda, em janeiro. Estava tudo anotado até a viagem para Guaramiranga. O telefone da dona da casa que alugamos, estava tudo lá. Uns dizeres, uns pensamentos. Ah, agenda, você perdeu muito: 2 longos meses e mais 19 dias. Porque já acabou foi fevereiro, foi março.

Agenda, você que estava impregnada de amor meloso, perdeu o fim. E eu tanto que te procurei, querendo chorar as pitangas. Mas não fique mal por isso! Passou tanto tempo que você perdeu também a tristeza, o lamento, as humilhações, as breguices e os nunca mais. Perdeu ascenção e queda.

Voltei, agenda. E tive saudade de mim. Sou eu de novo: a velha menina. Das flores, dos sonhos, das cores, da chuva. "Como é estranho ter saudade de si mesmo"*.

*Parece que foi Jens Peter Jacobsen, escritor dinamarquês, quem escreveu essa frase. E li isso em algum post do maravilhoso blog do jornalista desempregado Duda Rangel, Desilusões perdidas (não sei colocar links em blogs, beijos).

quinta-feira, abril 08, 2010

Clandestina

Eu sou uma clandestina. Escondam-me, por favor. Mais uma vez descobriram: eu sou uma clandestina no mundo. E eu vou ter que correr e me esconder. Não é fácil ser clandestina! Mas, pelo menos, tem quem se compadeça dos clandestinos em um navio ou tentando a vida na soy loco por ti America. Eles só querem ser felizes, né? Eles correm riscos para tentar ser felizes, olha que bonito. Eu também, gente.

Silêncio, não espalhem, mas eu tô aqui de clandestina. Vim presse mundo achando que ia ganhar bem, ter um cachorro de orelhas caídas, carro na garagem, Ap bonitinho, casa de serra. Achando que ia casar e ter lindos e saudáveis filhos. Achando que aos 30 ia ter a vida que pedi ao Papai-do-céu. Mas descobri que vida de clandestina não é tão fácil. Não é tão fácil falar tudo o que se acredita ser necessário sem ser mal-interpretada. Nâo é tão fácil escolher as coisas nesse mundo: trabalho, amigo, par. Nem é fácil arranjar um lugarzinho pra se esticar e tomar um cadim de Sol. E assim como grande parte dos clandestinos da terra do tio Sam tem que se submeter a passar o resto da vida dançando em boates ou servindo drinks, uma clandestina no planeta Terra tem que se submeter a muita coisa. Não dá pra simplesmente cansar e voltar, minha gente. Tem que prosseguir com o que se conseguiu.

Mas antes de eu viajar não lembro de terem me dito como as pessoas por aqui são complicadas. Ou fui eu quem deletei essa informação da minha memória pela vontade de mergulhar por aqui?

sexta-feira, março 19, 2010

quinta-feira, março 18, 2010

Fazendo troça com a dor.




Eu numa fossa fenomenal, naquela fase do onde foi que eu errei, naquela fase das mil lembranças, e o que é que eu faço? O que eu faço, minha gente? Ouço músicas que me trazem mais lembranças, aquelas bem ao estilo "se mata". Gravei um CD, minha gente, um CD com músicas ao estilo "Creep", do Radiohead. "I wish I was special/ u so very special/ But I'm a creeeeeeeeeeeeep /I'm a weirdoooooooooooo/ What the hell am I doing here?/ I don't belong here". Pra quem não sabe inglês, o eu-lírico basicamente se auto-esculhamba, se acha um verme, um esquisito. E eu coloquei no volume máximo no meu carro e vim pro trabalho cantando loucamente. Legal, né, como as pessoas se valorizam?

Mas eu me sinto exagerada. Se é pra sofrer, vamo sofrer. Quero alugar um filme bem triste para chorar horrores, todas as lágrimas que puder. Quero passar um tempo curtindo a fossa, ouvindo todas as músicas que me fazem lembrar, lembrar, lembrar.

É que eu sou louca? É que eu sou masoquista? Não descarto nenhuma das duas possibilidades. Mas eu acho que a gente tem que aproveitar todos os momentos, até os de fossa. Eu sempre saio mais forte depois, ainda que por enquanto eu não acredite muito nessa possibilidade e me sinta a creep, a weirdo.

Sempre que se leva um "não", sempre que se é magoada, sempre que lhe querem fazer acreditar que você não é nem nunca foi especial, você logo acredita. Você não quer se lembrar das vezes que ele te disse não, das vezes que ele te deixou esperando, das palavras duras dele. Nem muito menos da parte em que ele te dispensou sem nem mesmo olhar dentro dos seus olhos.

Você se lembra dos carinhos, das besteiras, das palavras de amor trocadas, das juras melosas de gente apaixonada, das poesias que você mandou, das poesias que você fez e mandou, de como você achava que ele combinava com você, de como ele era compreensivo e gentil. Mesmo que todos os seus amigos e parentes te mostrem todos os fatos e queiram te convencer de que ele não era tão bom assim. Você não consegue, você pensa com carinho.

É como se você estivesse com um terreno limpo dentro de si. Aí vem alguém e traz coisas para contruir nesse terreno. Te dá tijolo, te dá cimento. E você vai construindo, construindo. E, embora faltem muitas coisas pra terminar a casa, você já tem todo o projeto bem desenhadinho, você sabe como vai construir, onde vai ser o quarto, a sala de estar... Aí de repente a pessoa que te ajudava a construir some e te deixa lá com aquela obra inacabada e, agora, inútil. Aí você tem que destruir tudo, limpar o terreno todo de novo. E tinha dado tanto trabalhar pra demolir a construção anterior. Você tinha tanta fé de que agora tinha encontrado o projeto certo para o seu abrigo. Mas nem tinha, então dá-lhe trabalho de novo. Lá vai você arregaçar as mangas, pedir a ajuda dos tratores alheios pra destruir de novo aquela obra, limpar tudinho até ter material pra construir um projeto novo.

Mas, o mundo é grande, minha gente. Tem muita possibilidade por aí para se ser feliz. Tem muita gente com material sobrando pra te ajudar a construir tudo de novo, dentro de você. Tenho fé de que vou passar da fase "ele vai voltar" e "I'm a creep" para a "tenha fé em Deus, tenha fé na vida".

Mas por enquanto, enquanto a ferida é tão recente, enquanto as lágrimas jorram como na cachoeira do açude do Capão, "tire o seu piercing do caminho que eu quero passar, quero passar com a minha dor", como diria Zeca Baleiro.

terça-feira, março 16, 2010

Sobre os defeitos

Sim, eu tenho noção dos meus defeitos, mas nem sempre consigo deixar de errar, mesmo tendo conhecimento deles. É por isso que se chamam defeitos. E eu tento, juro que tento mudar. Lembram da poesia que postei aqui?

"Mudo, mudo, mudo, mudo.
Mas às vezes não quero.

Quero, quero, quero, quero.
Mas às vezes não mudo."

Pois é, é assim. E eu só peço um pouquinho de tolerância. É que eu sou uma pessoa insegura e imperfeita. Mas eu tento, gente, mudar. Só preciso de um tiquinho de ajuda.

terça-feira, março 09, 2010

Ao homem

Aproveitando o momento Chico Xavier, gostaria de postar aqui duas poesias belas e muito bem escritas. A primeira escrita por Augusto dos Anjos enquanto vivo. A segunda escrita por Augusto dos Anjos através do médium Chico Xavier. Profundidade incontestável. Difícil para Chico, jovem na época (pois a poesia encontra-se no primeiro livro psicografado por ele, "Parnaso de além túmulo"), homem simples e de pouca escolaridade, entender as complexas palavras características do célebre poeta. Fantásticas poesias. Como não crer na imortalidade da alma?

Versos Íntimos

Augusto dos Anjos

"Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!"

Ao homem
Augusto dos Anjos (Chico Xavier)

"Tu não és força nêurica somente,
Movimentando células de argila,
Lama de sangue e cal que se aniquila
Nos abismos do nada eternamente;

És mais, és muito mais, és a cintila
Do Céu, alma da luz resplandecente,
que um mistério implacável e inclemente
Amortalhou na carne atra e intranqüila.

Apesar das verdades fisiológicas,
Reflexas das ações psicológicas,
Nas células primervas da existência,

És um ser imortal e responsável
Que tens a liberdade incontestável
E as lições da verdade na consciência."

Alma livre

Bom, Chico Xavier faria 100 anos no próximo dia 2 de abril. E estou envolta em preparativos de um evento sobre vida e obra do médium mineiro. Escrevendo uma peça sobre isso, estudando um pouco a obra dele, estudando um pouco para convidar os meios de comunicação e as pessoas em geral a fazerem parte de um verdadeiro banquete espiritual. É assim que me sinto cada vez que me envolvo no preparo de eventos deste porte.

Indescritível a sensação de paz de espírito que experimentamos quando entramos no palco de um evento assim e mesmo quando participamos da atmosfera boa que nos envolve. Aí eu esqueço das preocupações, das reclamações, das insatisfações. Tudo é tão pequeno diante da realidade que nos aguarda e que nós construímos pouco a pouco a cada encarnação.

Nessas pesquisas me deparo com essa poesia de Cruz e Souza, psicografada por Chico Xavier. "Alma livre". É assim que quero me sentir: alma livre. Libertar-me de sentimentos mesquinhos, egoístas. Da visão pequena, estreita que experimento. Ver a aurora depois da noite escura. Não nos iludamos, ainda vivemos na noite escura. Mas quando libertarmo-nos, nem consigo imaginar a tamanha beleza da aurora.

Alma livre
Cruz e Souza (Chico Xavier)

"Um soluço divino de alegria
Percorre a todo Espírito liberto
Das pesadas cadeias do deserto,
Desse mundo de sombra e de agonia.
A alma livre contempla o novo dia,
Longe das dores do passado incerto,
Mergulhada no esplêndido concerto
De outros mundos, que a luz acaricia!
Alma liberta, redimida e pura,
A aurora vê, depois da noite escura,
Numa visão mirífica, suprema.
Penetra o mundo da imortalidade,
Entre canções de luz e liberdade,
Forçando as portas da Beleza Eterna."

terça-feira, março 02, 2010

Qualquer coisa aqui dentro.

Qualquer coisa de saudade,
Qualquer coisa de desejo,
Qualquer coisa de querer.

Qualquer coisa de loucura,
Qualquer coisa de voar,
Qualquer coisa de querer
ir ou ficar. Viver.

Qualquer coisa de sonhar,
Qualquer coisa de morrer.

E aos poucos renascer:
Novo, mas igual.
Igual, mas diferente.

Bem por aqui, por dentro de mim
Qualquer coisa pulsa.
Sem cessar.

O dono do estacionamento





Seu Martônio não sabia sorrir. Andava para lá e para cá naquele estacionamento dele. E explorava todo mundo. Os preços lá em cima. Seu Martônio era um velho ranzinza e não parecia agradar nem a Dona Gertrudes, a mulher dele. A Ger passava o dia sentada atrás do balcão, recebendo o dinheiro de quem estacionava ali. 5 reais a hora. E lotava. A Ger só sabia era reclamar, dizia seu Martônio. E saía bodejando qualquer coisa ininteligível.

A única coisa que fazia o velho sorrir eram os filhos. Ah, que Quinzim estava que era um homão. E consertava qualquer coisa, sabia? Jonas estuda muito, mora no exterior, sabia? E apontava com o dedo cheio de artrite pro retratos em cima da mesa. Se seu Martônio queria aumentar o preço do aluguel mensal de uma vaga, que deveria ser pago religiosamente no dia 10 de cada mês, bastava puxar o assunto da filharada. Era a tática. "E os meninos, como é que vão?". Aí o homem mudava o semblante.

Mas parecia é que os "meninos" não estavam nem aí pro Martônio. Sei lá quem era a mãe deles. Dona Gertrudes é que não era. Cabelos vermelho-acaju bem compridos, as unhas postiças e a maquiagem pesada. Uns vinte anos mais nova que seu Martônio. O que não significa que ela era exatamente o que se pode chamar de jovem... Não estava nem aí pros "garotos". E nem poderia: eles nunca passavam por ali. Eles eram uma espécie de filhos-fantasma. Parecia que os anjinhos já tinham partido, porque eu mesma só conhecia era nas fotografias. E embora o velho falasse horrores dos feitos dos meninos, nunca tocava no assunto "visita". Ele parecia se contentar em saber que os filhos eram bem-sucedidos. Ou fantasiava.

Um dia fui pagar a mensalidade e estava lá um rapazinho até bem apessoado, uns 25 anos nos couros. Comia um sanduíche gigante bem devagarzinho e tomava uma coca-cola na garrafa de vidro. "Quer mais? A Ger faz um pudim...", era o seu Martônio quem ficava repetindo. Eu cheguei com o dinheiro e ele recebeu feliz (esqueci de dizer que o dinheiro também acalmava o homem que era uma beleza). Aí o velho me apresentou o filho. Era o Quinzim. Um "homão". "Consertava qualquer coisa, que esse curso de engenharia era uma beleza". O rapaz sorria constrangido. "Coma, meu filho, coma". Eu soltei algo como um "muito prazer" e tratei de sair com meu recibo. Era uma relação estranha. A Dona Ger olhava, meio que penalizada com a abobalhação do marido.

Eu vi quando o menino atravessou a rua, ainda meio constragido, parecendo não querer voltar mais. E vi seu Martônio no comecinho da noite, sentado no banquinho velho, olhando pra rua. Perdido. Meio sandubão repousava ainda em cima do balcão, a garrafa de coca-cola vazia ao lado. Uma mosca se interessava pelos restos. A Ger digitava alguma coisa no computador. E o silêncio do seu Martônio. Passei ligeiro do lado. O velho acordou do transe. Reclamou do cansaço e saiu por aí, bodejando. Foi abrir o portão falando uns impropérios pra Gertrudes.

É que a raiva muitas vezes é só um escudo para se proteger de uma solidão sem fim. Só que de qualquer jeito dói.

segunda-feira, março 01, 2010

Chegou março




E, aliás, começou março.

Março: 2 parcelas do IPVA pra pagar, começar a reunir documentos para declarar imposto de renda, estudar muita coisa, pagar muitas contas (a perder de vista...), cobrar coisas, vender coisas.

Março: 4 meses de namoro, férias do Dudu (aguentem a invejinha do ócio dele), aulas dos amigos a pleno vapor, 3 meses para minhas próprias férias, editar bastante, comer menos (sempre isso), fazer jus à parcela da academia, escrever, escrever, escrever. Preparar aulas, organizar um quarto onde nem eu me acho, ler livros, milhares. "O amor nos tempos do cólera", emprestado por uma amiga do curso de alemão. "O Evangelho segundo o Espiritismo" sempre, para me dar paz. "Chatô: o rei do Brasil", um livro usado que ganhei há anos e nunca consegui ler todo. "O Mundo de Sofia", da Alana. Uns contos de Chrles Perrault, gentilmente presenteados pela Si no meu aniversário. Umas apostilas, uns livros de alemão.

Março: sem perder tempo com o que não vale à pena. Cortei fazenda virtual, diminuí visitas ao orkut. Essas coisas ampliam nosso tempo perdido. Chega de joguinhos. Ver amigos que há muito não vejo. Conversar. Deixar de adiar encontros e organizar um tempo para tudo. Dançar mais. Ver filmes. Não esquecer esse espaço, que treina minha escrita e funciona como uma catarse. Amar. Viver. Cantar. Sim, tenho que escrever para lembrar, porque às vezes eu esqueço.

Olá, 1º de março de 2010. Chegou cedo?! Que você renda boas lembranças, porque um março nunca é igual a outro.

Metade





Não queria mais postar aqui textos que não fossem meus, mas esse é tão inteiramente direcionado para o que penso e com o momento, que é impossível não compartilhá-lo aqui. E "que as palavras que eu falo/ sejam apenas respeitadas, como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos".





"Que a força do medo que eu tenho,
não me impeça de ver o que anseio.

Que a morte de tudo o que acredito
não me tape os ouvidos e a boca.

Porque metade de mim é o que eu grito,
mas a outra metade é silêncio...

Que a música que eu ouço ao longe,
seja linda, ainda que triste...

Que a mulher que eu amo
seja para sempre amada
mesmo que distante.

Porque metade de mim é partida,
mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo
não sejam ouvidas como prece
e nem repetidas com fervor,
apenas respeitadas,
como a única coisa que resta
a um homem inundado de sentimentos.

Porque metade de mim é o que ouço,
mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma e na paz
que eu mereço.

E que essa tensão
que me corrói por dentro
seja um dia recompensada.

Porque metade de mim é o que eu penso,
mas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste
e que o convívio comigo mesmo
se torne ao menos suportável.

Que o espelho reflita em meu rosto,
um doce sorriso,
que me lembro ter dado na infância.

Porque metade de mim
é a lembrança do que fui,
a outra metade eu não sei.

Que não seja preciso
mais do que uma simples alegria
para me fazer aquietar o espírito.

E que o teu silêncio
me fale cada vez mais.

Porque metade de mim
é abrigo, mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta,
mesmo que ela não saiba.

E que ninguém a tente complicar
porque é preciso simplicidade
para fazê-la florescer.

Porque metade de mim é platéia
e a outra metade é canção.

E que a minha loucura seja perdoada.

Porque metade de mim é amor,
e a outra metade...
também"

Ferreira Gullar

quinta-feira, fevereiro 25, 2010

Só não me deixe assim tão solta.

Eu posso suportar bater o dedo mindinho nas quinas da vida. Posso agüentar comer menos, cortar o açúcar e até o chocolate. Até pepino e alface crespa eu agüento. Posso tolerar pessoas falsas ao meu redor. Posso conseguir acordar cedo todos os dias e correr em uma esteira de uma academia de bairro.

Mas, não, não me deixe assim tão solta. Porque quando você solta da minha mão me dá um quê de nervoso, um quê de abandono. Faça a gentileza de me querer, de me prender. Saiba ser meio meu, meio do mundo. Mas que eu sinta que posso competir com o mundo. Que às vezes eu preciso de um cais pra aportar, de um abraço pra me aconchegar. Preciso de uma poesia real para pôr no papel. Preciso ter certeza de que minha música tem dono. Preciso dar espaço no meu colo. Entre meus braços há um vazio triste. Meus dedos pedem alguém pra afagar. E os meus pés querem um par de companhia.

Não, não me deixe solta por aí, que eu posso me perder. E aí quem é que vai me achar?

quarta-feira, fevereiro 24, 2010

O amor empedra?



Era uma tarde morna de dezembro e Eva se sentia em Quixadá. Olhou para dentro de si e se perguntou como havia virado de repente Irauçuba, Pedra Branca. Porque era tudo pedra, tudo quente, tudo distante. Tinha também um quê de abandono das cidades-fantasma dos filmes de faroeste.

Era uma tarde morna de dezembro, mas Eva andava descalça no chão quente e deserto e cheio de monolitos de dentro dela. Ao fundo, ela via aquela miragem molhada das estradas extremamente cálidas. Ouviu ao longe chamarem seu nome. Fez um esforço enorme para voltar à realidade do quarto, antes vazio e escuro.

Era uma tarde morna de dezembro, mas o quarto estava escuro. Janelas fechadas, luzes apagadas, um ventilador no canto do quarto bagunçado. Antes vazio. Não mais. Ele entrou. "Tem certeza?". A pergunta queima. Mas ela tem. Certeza. A pergunta queima ainda, mas do modo errado. Ele sai. Não volta, e nem vai voltar. Um monolito permanece, dentro dela.

Era uma tarde morna de dezembro, mas Eva queria trabalhar na escavação. Não importa o calor. Não importa o chão quente. Que importam os pés descalços? É a vida. A vida. Quebrar os monolitos, este é o objetivo. Quebrar, quebrar.

Era uma tarde morna de dezembro, mas agora estava frio. É que, pertinho, as pedras transformavam-se em imensos icebergs. E os pés e as mãos queimavam com o gelo. Mas era preciso quebrar. A pergunta ainda ecoava no espaço: Como foi? Como foi que aquelas pedras se tornaram tão intransponíveis? Como elas engessaram o amor das terras desconhecidas do seu coração?

Era uma noite fria de dezembro, e Eva continuava inerte. Fria, a noite, mas Eva ardia. Quebrara toda a pedraria, toda. Lá longe, o Sol surgindo, ainda que fosse uma noite fria de dezembro. A poeira de dentro dela mostrava quão intenso havia sido o trabalho. Mas, não adiantava. Ela não pensava mais nele. Em ninguém. Ela só via o Sol.

Era uma manhã chuvosa de Janeiro. Eva fazia um bolo perfumado. Chocolate amargo, uma pitada de pimenta, cobertura fininha. Dentro dela, tudo limpo. Um Sol brilhando. Pronto para iluminar alguém. Pronto para fazer crescer umas sementes dentro dela. Pedras? Não mais.


"A gente não percebe o amor
Que se perde aos poucos sem virar carinho.
Guardar lá dentro amor não impede,
Que ele empedre mesmo crendo-se infinito.
Tornar o amor real é expulsá-lo de você,
Prá que ele possa ser de alguém."

segunda-feira, fevereiro 22, 2010

A arte de cozinhar


Pois bem, quero falar da vida. Que ela "é real e de viés". Que ela "é pra valer, que ela é pra levar". Muita, mas muita gente cantou, poetizou, gritou em nome da vida. A vida isso, a vida aquilo. A vida, uma caixinha de surpresas. A vida é dura. Temos que viver a vida simplesmente. A vida, a vida, a vida.

E eu digo: agora é minha vez. A vida, a gente leva calmamente, sim. Mas não tão lenta. É tipo uma receitinha, sabe? Mas tipo as que a mamãe cozinha: às vezes leva mais sal, às vezes mais pimenta. Você nunca sabe a quantidade certa, mas sabe que tem que ter tempero.

Aí entra noutra questão: de onde que vem o tempero? As pessoas que passam na sua cozinha é quem podem te dar. Tem gente que bota sal demais e fica intragável. Pimenta demais, urgh. Não dá nem pra engolir. Mas uma pitada de pimentinha até que vai bem, nénão?

Às vezes a sua vida está uma sobremesa, alguém coloca chocolate e leite condensado à vontade e vai ficando um doce bom, tão bom que nem parece verdade... Aí parece que exageram no leite, a massa desanda e fica tão sem açúcar que você nem acredita como é que um doce tão, outrora, indescritivelmente bom, pôde ficar ruim.

É isso, meus bens. A vida docinha ou salgada são as pessoas que passam pela nossa cozinha que fazem. Mas o prato é você quem escolhe e quem mexe na sua panela, quase sempre é você quem diz também.

Assisti ao filme "Ratatouille" (foto) quando estreou no cinema, em 2007, com um amigo de quem gostava muito. Saí com uma sensação legal. Depois de anos comprei e reassisti. Tão bonitinho e com aquele ar refrescante de Paris! Um ratinho cozinheiro, Remy, ajuda a temperar a vida de um moço fracassado.

Então vamos tentar escolher bem nosso cozinheiros. E vamos também tentar ser os mestre-cucas, os Remy dos outros. Porque às vezes só porque nosso prato está sem sal, a gente quer esculhambar o prato alheio. E tem aqueles que nunca estão satisfeitos com sua comida, sempre de olho no prato do vizinho. Que tal nos concentrarmos em guardar bem nosso temperinhos pra sair por aí temperando a vida dos outros bem direitinho? Porque às vezes ainda tem jeito de mexer aqui e ali e concertar o prato. Mas às vezes, só jogando fora a comida estragada e enchendo o prato de novo. Aí dá um trabalho...

sexta-feira, fevereiro 05, 2010

Das mudanças

Mudo, mudo, mudo, mudo.
Mas às vezes não quero.

Quero, quero, quero, quero.
Mas às vezes não mudo.

(em 07/02/2010)

quarta-feira, fevereiro 03, 2010

Já me disseram que eu sou tímida e já me acharam expansiva. E já fui “a popular” e “a tímida” e ainda “a sorridente” e “a fechada”. E já fui muitíssimo simpática e muitíssimo antipática. E fui explosiva e calma.

Já me disseram que sou feia, já me disseram que eu sou linda. Já me disseram “você tá gorda!” e também “Como emagreceu!” e ainda “Cadê a dieta?”. E já acreditei neles e desacreditei depois.

Já me apaixonei perdidamente e já desapaixonei. Já ri, ri muito, morri de rir. E já chorei, chorei muito, mas não a ponto de morrer. E tive amores e alegrias. E dores daquelas que vc acha que nunca vão acabar (mas um dia acabam...e você vê q nem doeu tanto assim). Já sofri e fiz sofrer. Chorei e fiz chorar. Ri e fiz rir. Gargalhei e fiz gargalhar.

Já achei que tinha muitos amigos...e depois desachei. E fiz amigos fácil fácil. E também já demorei assim um tantão pra achar um amigo. Já confiei muito muito e depois me arrependi. E confiei muito muito e não pude me arrepender.

Já valeu a pena esperar. Já perdi tempo esperando. Já cansei de esperar e já tive que esperar mesmo sem querer.

E disse e depois me contradisse.
E me senti só. E me senti bem. E me senti mal. E fui triste. E fui feliz. E fui muito feliz. E fui feliz de gritar.

E já gritei muito. De doer a garganta e os ouvidos. E já falei baixo, muito baixo...quase que só pra mim.

E cantei e dancei e pulei.

E sei que ainda vou andar, andar muito. E cantar e pular e dançar, trabalhar, estudar, falar. E ter mais alegrias e mais tristezas. Mais vitórias e derrotas. Mais amigos. Menos amigos.

E mesmo assim quero conseguir ver a beleza da vida.
E tocar nas alegrias intocáveis.
E narrar as aventuras inenarráveis.
E sorrir nas adversidades.
E chorar quando der vontade.
E amar incondicionalmente.
E cantar absurdamente.
E acreditar nos sonhos inacreditáveis.

segunda-feira, janeiro 18, 2010

É que eu sou tímida.

É um vento soprando, é um frio. É música, poesia, amor, é vento, é frio, é morno, é quente. Tudo ao mesmo tempo. Disseram que é amor. E deve ser, porque alguma coisa ameaça explodir, de 5 em 5 minutos, aqui dentro.

E é um fechar de olhos para abrir e constatar: não é sonho. É mão, é braço, é ombro, é boca. É vida pulsando. Eu, pulsando.

É tudo pra você. Tudo. E porque é que eu não digo? É que eu sou tímida. Mas, no fim da contas, precisa?


"Assim
Ruivo e do meu tamanho
Assim
Míope e descabelado
Assim
Louco e apaixonado
Extrovertido
Quente
Diferente
Ardente
Tímido
Original".
(Sua)

Coisa Amar

Coisa Amar

"Contar-te longamente as perigosas
coisas do mar. Contar-te o amor ardente
e as ilhas que só há no verbo amar.
Contar-te longamente longamente.
Amor ardente. Amor ardente. E mar.
Contar-te longamente as misteriosas
maravilhas do verbo navegar.
E mar. Amar: as coisas perigosas.

Contar-te longamente que já foi
num tempo doce coisa amar. E mar.
Contar-te longamente como dói

desembarcar nas ilhas misteriosas.
Contar-te o mar ardente e o verbo amar.
E longamente as coisas perigosas."

Manuel Alegre

quarta-feira, janeiro 13, 2010

Quem mexeu no meu ano novo?

Ei, onde está meu ano novo novinho em folha? É que no início do ano a gente faz esportes, promete trabalhar menos, organizar os horários, amar mais, perdoar mais, comer menos (bem menos), fazer esportes, ser saudável. Mas ando tão esgotada que nem lista fiz. Ando tão esgotada que nem textos legais sei mais fazer. Nem planejamentos, nem projetos. Alguém tem fôlego sobrando que possa me arranjar só um tiquinho?

Muito bem: quem mexeu no meu ano novo pode parar de brincadeira, por favor?

sexta-feira, janeiro 01, 2010

Adeus, ano velho.










Vai, ano velho

Vai, ano velho, vai de vez,
vai com tuas dívidas
e dúvidas, vai, dobra a ex-
quina da sorte, e no trinta e um,
à meia-noite, esgota o copo
e a culpa do que nem me lembro
e me cravou entre janeiro e dezembro.

Vai, leva tudo: destroços,
ossos, fotos de presidentes,
beijos de atrizes, enchentes,
secas, suspiros, jornais.
Vade retrum, pra trás,
leva pra escuridão
quem me assaltou o carro,
a casa e o coração.
Não quero te ver mais,
só daqui a anos, nos anais,
nas fotos do nunca-mais.

Vem, Ano Novo, vem veloz,
vem em quadrigas, aladas, antigas
ou jatos de luz moderna, vem,
paira, desce, habita em nós,
vem com cavalhadas, folias, reisados,
fitas multicores, rebecas,
vem com uva e mel e desperta
em nossso corpo a alegria,
escancara a alma, a poesia,
e, por um instante, estanca
o verso real, perverso,
e sacia em nós a fome
- de utopia.

Vem na areia da ampulheta com a
semente que contivesse outra se-
mente que contivesse ou-
tra semente ou pérola
na casca da ostra
como se
se
outra se-
mente pudesse
nascer do corpo e mente
ou do umbigo da gente como o ovo
o Sol a gema do Ano Novo que rompesse
a placenta da noite em viva flor luminescente.

Adeus, tristeza: a vida
é uma caixa chinesa
de onde brota a manhã.
Agora
é recomeçar.
A utopia é urgente.
Entre flores de urânio
é permitido sonhar.

Affonso Romano de Sant'Anna