terça-feira, março 09, 2010

Ao homem

Aproveitando o momento Chico Xavier, gostaria de postar aqui duas poesias belas e muito bem escritas. A primeira escrita por Augusto dos Anjos enquanto vivo. A segunda escrita por Augusto dos Anjos através do médium Chico Xavier. Profundidade incontestável. Difícil para Chico, jovem na época (pois a poesia encontra-se no primeiro livro psicografado por ele, "Parnaso de além túmulo"), homem simples e de pouca escolaridade, entender as complexas palavras características do célebre poeta. Fantásticas poesias. Como não crer na imortalidade da alma?

Versos Íntimos

Augusto dos Anjos

"Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!"

Ao homem
Augusto dos Anjos (Chico Xavier)

"Tu não és força nêurica somente,
Movimentando células de argila,
Lama de sangue e cal que se aniquila
Nos abismos do nada eternamente;

És mais, és muito mais, és a cintila
Do Céu, alma da luz resplandecente,
que um mistério implacável e inclemente
Amortalhou na carne atra e intranqüila.

Apesar das verdades fisiológicas,
Reflexas das ações psicológicas,
Nas células primervas da existência,

És um ser imortal e responsável
Que tens a liberdade incontestável
E as lições da verdade na consciência."

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