sábado, dezembro 12, 2009

Devolve, moço

http://www.youtube.com/watch?v=X0rzP8gpoCY


Um coração, assim, roubado
Bate muito acelerado
Devolve, moço, meu coração!



(Não. Devolve, não...)

quarta-feira, dezembro 02, 2009

Fugir




Vamos fugir? Dormir na grama, olhando as estrelas? Contar todas elas sem se importar com verrugas? Respirar fundo e não precisar olhar pra trás?

Vamos andar sem rumo?
Dirigir pra onde a cabeça nos mandar? Pra onde o coração nos guiar? Parando pra ver a beleza das coisas? Deixar o sorriso derramar, deixar os olhos nadarem por aí: nas coisas, nos verdes, em outros olhos.

Não vamos dar satisfações: os chefes, os pais, os credores nos mandarão apenas cartas de saudades dos tempos em que trabalhávamos com paixão, pedíamos carinho e abrigo, devíamos.

Vamos apenas sonhar. Tomar banho de sol e de chuva. Deixar o cabelo ao vento. Vestir só vestidinhos leves e floridos. Usar chinelinhos-de-dedo velhos.

Dar as mãos, fazer carinho, comer chocolate, ler poesia, assistir filme, sorrir pras pessoas, correr sem rumo.

E no final do dia termos os braços uns dos outros pra se abrigar, se aquecer, se refrescar e esquecer das dores do mundo e das costas.

sexta-feira, novembro 20, 2009

O lirismo não se aquieta

O lirismo tenta sair de mim
dos meus poros,
dos meus olhos,
das minhas mãos.

Meu lirismo quer sair
da ponta da minha caneta
quer se transformar
em desenhos e palavras.

Meu lirismo explode:
em lágrimas,
em sorrisos,
em poesia.

Ele é feito de lembranças
cores
cheiros
sonhos
palavras desenhadas em minha pele.


em 15/11/2009

terça-feira, novembro 17, 2009

domingo, novembro 15, 2009

A moça com copo d'água.




[O Almoço dos Canoeiros, 1881. Pierre-Auguste Renoir]

Já que falei de Renoir, lembrei dessa cena do filme "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain". São ótimos os diálogos dela com o homem dos ossos de vidro, monsieur Dufayel. Esse resume quem ela é, e é de um sensibilidade... Para quem não assistiu, Dufayel é pintor e está reproduzindo um quadro de Renoir. Logo esse aí ao lado.

Dufayel -Nesses anos todos, o único personagem que ainda não consegui captar é a moça com o copo de água. Ela está no centro e, no entanto, está fora.
Amélie - Talvez ela seja diferente dos outros.
Dufayel - Em quê?
Amélie - Não sei. Quando era pequena, não devia brincar com outras crianças. Talvez nunca. Ou ela queria resolver a bagunça dos outros.
Dufayel - E quem vai arrumar a bagunça da vida dela?

*Agora achem a moça com o copo d'água!

*PS: Dudu, não sou amelística! (Não poderia passar essa piada interna...)

A Canção da Vida, por Mario Quintana.



A vida é louca
a vida é uma sarabanda
é um corrupio...
A vida múltipla dá-se as mãos como um bando
de raparigas em flor
e está cantando
em torno a ti:
Como eu sou bela
amor!
Entra em mim, como em uma tela
de Renoir
enquanto é primavera,
enquanto o mundo
não poluir
o azul do ar!
Não vás ficar
não vás ficar
aí...
como um salso chorando
na beira do rio...
(Como a vida é bela! como a vida é louca!)

Mario Quintana (Esconderijos do Tempo)

Houaiss diz:
*Sarabanda: movimento incessante; roda-viva
*Corrupio: ação de girar; giro, volta, rodopio.
*Renoir: Pierre-Auguste Renoir (1841-1919)- célebre pintor francês e um dos mais importantes nomes do movimento impressionista. Uma das obras mais famosas dele, "Os Guarda-Chuvas", está logo aí pra vocês verem.

sexta-feira, novembro 13, 2009

Os passos da vida...


Bem, não é uma história comprida. Os passos da vida são curtos, rápidos, fazem o mínimo barulho. E quando se vê... Você chegou. Onde?

Tudo vai se desenrolando, mesmo com todos os pequenos detalhes que tornam um momento grande.

Mas dê um passo e já faz anos que você se formou. Um passo e esqueça umas mágoas. Um passo e alimente outras. Um passo e e já é Natal. Um passo e te faltam ou te sobram coisas... Passos, passos, passos. E às vezes se tropeça, se torce o pé. Mas nunca se para, nunca, nunca.

Gostaria de ir parar na casa de uma amiga dia desses. Mas me toquei que nem sei mais quais seus horários livres. Passos se foram, vários passos. Gostaria de amar mais algumas pessoas. Mais alguns passos e (tenha cuidado) elas não mais estarão por perto.

O ritmo da vida vai levando, levando. E a vida fica cheia de reticências e com poucos tópicos, poucos pontos finais.

Não dá medo? Andar tanto? Mesmo sabendo que lá no fim você vai chegar em um lugar, quanto vai demorar? Por onde vai parar? Quem vai lembrar? Quem vai esquecer?

Quero os tempos de casa velha. Quero as construções antigas. Mas quero elas lindas e pintadas.

Cada dia mais tenho medo de perder suspiros da vida.

domingo, novembro 08, 2009

Suspiro

Sorrir sem querer. Sentir-se leve. Achar tudo bonito. Vontade de sonhar. Sonhar acordada. Olhar pro infinito. Sentir só saudade. Só sentir: com a cabeça, com as mãos, o corpo todo e o coração.

Suspiro.

domingo, outubro 25, 2009

Para olhar nos dias tristes

Lista de coisas que me fazem feliz:

- Uma lua grande
- Vento no rosto
- Friozinho
- Afagar um cãozinho
- Plantas orvalhadas
- Chuva
- Cheiro de terra molhada
- Crianças brincando
- Balançar na rede
- Dormir com ventilador no rosto
- Sonhar
- Sorvete de tangerina
- Ler tirinhas
- Imaginar um musical
- Ver um filme
- Fazer planos só na minha cabeça
- Escrever num bloquinho surrado
- Desenhar coisas sem nexo
- Ouvir músicas agradáveis
- Viajar.

terça-feira, outubro 20, 2009

Looking for an yellow brick road



O grande amor é como a Terra de Oz, o Papai Noel e os contos de fadas: você acredita piamente quando é criança, mas à medida que vai crescendo começa a desconfiar de que tudo não passa de fantasia.

(Se eu acredito? Não, mesmo. Só às vezes... Afinal, vai que um dia eu me deparo com uma estrada de tijolos amarelos...?)

Chutando o amor com Snoopy

sábado, outubro 10, 2009

Estou sob efeito de uma overdose de Kings of Convenience. Queria compartilhar:

http://www.youtube.com/watch?v=TBJnUT3XZTE&feature=player_embedded


Winning a Battle, Losing the War
(Kings Of Convenience)

Even though I'll never need her,
even though she's only giving me pain,
I'll be on my knees to feed her,
spend a day to make her smile again.
Even though I'll never need her,
even though she's only giving me pain.
As the world is soft around her,
leaving me with nothing to disdain.
Even though I'm not her minder,
even though she doesn't want me around,
I am on my feet to find her,
to make sure that she is safe and sound.
Even though I'm not her minder,
even though she doesn't want me around,
I am on my feet to find her,
to make sure that she is safe from harm.
The sun sets on the war,
the day breaks and everything is new.

terça-feira, outubro 06, 2009

Dos sorrisos


Eu tenho um amiguinho que todas as tardes, quando chego para almoçar na minha casa, passa com a mãe dele num carrinho de bebê pela minha rua. Ela vem empurrando o carrinho no meio da pista, num desfile sem platéia. (E os carros que se desviem!). Sempre está um Sol de rachar e ele vem muito tranquilinho, comendo qualquer porcaria dessas que crianças adoram e são bem pouco nutritivas.

Dia desses ele vinha com xilitinho desses de um real, muito feliz, balançando a cabecinha para os lados acompanhando uma música imaginária, enquanto a mãe nem olhava pra ele. De vez em quando ele puxava um salgadinho e oferecia para a mulher, que nem ligava já que nem olhava pro rebento. Adoro observar crianças, porque além de serem fofas, sempre fazem algo inusitado. Olhei pro meu amiguinho e ele me ofereceu um snack. Eu só dei um tchauzinho e ele retribuiu feliz com aquela mãozinha pequena cheia de sal de xilitos de um real. Virou a cabecinha lentamente e sorriu de novo e eu fiquei olhando atééé a mãe dele chegar no fim da passarela, digo, do quarteirão, e virar a esquina.

Quando eu entrei em casa, fiquei sorrindo ainda. Tenho essa mania: demoro a dissolver um sorriso. Aí eu fiquei pensando: a gente perde a capacidade de sorrir para a vida quando vai crescendo. Naquele dia resolvi sorrir mais. Não demorou para comentarem: tá com cara de apaixonada. Mas não era só cara, eu estava, sim, apaixonada. Mas era pela vida.

sexta-feira, outubro 02, 2009

Para quem tem teto e coração


Quando a madrugada nos presenteia com chuva e cheirinho de terra molhada,a gente tem que retribuir de alguma forma: uma poesia lida silenciosamente, um abraço em quem se ama, uma música sussurada na janela semi-aberta.

Eu dediquei a ela um sorriso, olhos lentamente cerrados e luzes artificiais apagadas. A madrugada, tão polida e discreta, agradeceu me abraçando com um friozinho bom.

quarta-feira, maio 20, 2009

Um dia


Quando ela entrava no carro e ligava o som, esquecia do mundo, do stress, da vida. Ia dirigindo, cantando ("por ti volareeeeee"). Ia acelerando, freando, passando as marchas entre estrofes e refrões. Mas hoje não. Hoje o carro enguiçou, a música parou. Choveu, mas estava quente de dar nó no juízo. A roupa estava mais apertada, a barriga parecia bem maior, o cabelo estava com certeza mais encriquilhado, sem chapinha que desse jeito. O principal entrevistado do dia desmarcou horas antes de o programa entrar no ar. O celular não tinha mais créditos. A mãe queria ajuda. Ela queria um abraço, um café e conversas ao vento, mas não podia. A carteira também estava vazia: nem um realzinho. O cartão de crédito estourado. Uns amigos ocupados, outros a desprezando, outros nem se lembrando. Os irmãos longe. O bichinho de estimação fora provavelmente levado por uma gato malvado (esses bichos não são 'de Deus', gente). O texto que ela precisava escrever em um hora não sai nem por decreto da cabeça dela. E quando ela acha que nada pode piorar... voilá! Piora, sim, pode crer. Às vezes o dia pode ser cruel com a gente. Mas, é o que dizem: ainda resta a ela saúde. Deus, será que a gente poderia pular esse dia, hein?

quarta-feira, abril 29, 2009

Dia morno


Hoje eu acordei e classifiquei o dia como morno. Morno: cuja temperatura varia entre o quente e o frio, pouco aquecido, cálido. Você deve estar pensando: dia morno? Em Fortaleza? Mas não falo só da temperatura do dia, mas da temperatura do sentimento - de mim, dos outros. Morno. Com pouca intensidade. Manso. Brando. Tranqüilo. E, embora eu goste de intensidade na vida, embora as pessoas digam que a vida deve ser vivida intensamente, a calma me faz feliz. Um dia morno é bom, de vez em quando. Uma semana morna, de férias, de preguiça e de melancolia de algo inexplicável. Bom. Bom ter uma semana morna. Dia morno pede um abraço calmo, longo e... morno. Uma conversa morna, lenta, gostosa e que possa ser lentamente degustada. Ver um filme que te deixe morna. Não rir alto, não sentir tristeza muita. Pensar: na vida, nos outros, nos sentimentos. Ser calma, tranqüila. Morna. E essa calidez vai até quando? Dura até quando? Não sei. Nem quero saber. Só quero curtir minha semana, meu dia, minhas horas mornas. Morna. Só degustar. Morna. Com pouca intensidade. Mansa. Branda. Tranqüila. Morna.


Canção do Dia de Sempre (Mario Quintana)

Tão bom viver dia a dia…
A vida assim, jamais cansa…
Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu…
E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência… esperança…
E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.
Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.
Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!
E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas…

sexta-feira, março 20, 2009

Glaube, Hoffnung und Liebe.


São quase duas da manhã e eu estou aqui escrevendo uma redação em alemão. Quase um parto pélvico, so ein Mist! Quando eu tenho que fazer essas partes chatas, mas necessárias, quando se vai estudar uma língua, bate logo o desepero. Porque raios eu estudo esta Deutsch Sprache há mais de 3 anos e ainda não consigo me comunicar bem nessa dita língua? Foram horas e notas ($) incontáveis gastas e eu aqui, quase desistindo e me deixando vencer pelo cansaço. Tipo, eu vou aprimorar meu inglês, fazer uma linguazinha mais fácil e deixar tudo pra lá. Aaaah! Tipo, dando um basta com as palmas das mãos bem espalmadas, verstehst du?

Aí de repente eu vou procurar uma expressão em alemão no Saint Goggle e me deparo com alguns blogs de brasileiros que estão vivendo lá em Berlin, se virando para se dar bem em Köln, usw. Aí lá vou eu me derretendo de novo. Eu quero conhecer aquele lugar, eu quero. Quero fazer anjinho na neve, conhecer gente, estudar. Eu quero! Eu vou. Só preciso de mais Glaube, Hoffnung und Liebe. Procurem no dicionário estas palavras e depois me ajudem a não desistir!

Fica o convite: vamos para Berlin? Quem quiser, levanta a mão.

terça-feira, março 10, 2009

Bambulim!


O primeiro que entrar aqui e comentar em algum texto ganha um sonho de valsa! Valendo!

(o que os escritores não fazem para serem lidos...)

domingo, março 08, 2009

Ela e a Felicidade


Onde é que ela estava? Onde foi parar, onde? Passou a vida procurando, procurando. Mas ela passa o tempo se escondendo, a danada. Quando criança achava que viajar para aquele sítio era um sonho. E nem era dela, o sítio. Mas ela gostava, sim. Amava mergulhar naquela piscina e se esconder naqueles armários gigantes. Corria, subia nas árvores, pegava os bichos e os bichos a pegavam. Naqueles tempos ela sentia bem ali na mão, a felicidade. Mas como fugia, a danada. E como foge! Nessinstante tava aqui e depois... depois virou lembrança. Ela foi crescendo e também a cara daquele lugar mágico. E, saudosa, ela lembrava do tempo que passava horas passeando com as bonecas no lugar. E o parquinho? Ah, o parquinho era essencial. Era lá que ela brincava e depois de preparar tortas de lama e se sujar toda, banhava-se na bica e caía na piscina de novo. Mas agora o parquinho tinha perdido o brilho, sabe? Ou era ela que tinha crescido? Não, foi o tempo. O tempo, meu amigo, o tempo não brinca, ninguém fica parado nele. E ela, que queria mergulhar os momentos no formol, se sentia melancólica. Mas o sítio ainda tinha sua magia. Pois não era lá que ela ia com os novos amigos? Os do peito, os essenciais, que faziam ela se sentir querida. E eram tardes de piscina e convivência e brincadeiras e música, muita música. E ela achava de novo a felicidade. E parecia que o sítio também percebia que a danada havia voltado. Tempos áureos de novo, o sítio pressentia. Era alegria dentro da casa. Ela já não cabia nos armários, que estavam sendo devorados por alguns raros e famintos cupins. Mas ela ainda cabia nos lugares. E as madrugadas dali escondiam segredos que morreriam ali. E ficariam lembranças, muitas lembranças. E ficaram. Porque mais uma vez o tempo, esse implacável, varreu tudo e se teve de começar tudo de novo. Ela que agora nem mais tempo tinha, quando conseguiu voltar no sítio, sentiu dó, melancolia, saudade e tristeza, tudo junto. Porque ela tinha certeza de que tinha esquecido a danada da felicidade ali. Mas quando chegou só encontrou guarda-roupas carcomidos, parquinho com teias de aranha e um morador solitário que vigiava mais seus pensamentos do que a própria casa, balançando um corpo semi-inerte para lá e para cá numa cadeira de balanço. Talvez fosse necessário procurar a danada em outras paragens. Mas a pergunta era: quais? Não sabia. Pegou uma mala, encheu com suas lembranças e foi embora sem olhar para trás. Ao longe, o barulho repetitivo da cadeira de balanço do velho morador.

"Natural é ter um trabalho, um salário
Um emprego
Nome confiável
Respeito na praça
Mas afinal o que é felicidade?
É sossego
Nesse mundo pequeno
De tempo e espaço
Ela só vem dizer que quem nasceu já conquistou
O reino de Deus é um direito
Não é um milagre"

Music is my boyfriend


Zapeando pelo orkut, achei essa comunidade: "Music is my boyfriend". Achei totalmente a minha cara. Porque desde sempre tive essa mania de imaginar trilhas sonoras para os diversos momento da minha vida e as músicas, essas sim, foram sempre minhas companheiras (drama, drama, drama). Como hoje vi um montão de criancinhas correndo por aí, lembrei como eu queria ter um filho um dia. Daí eu lembrei que sempre que ouço determinadas músicas, eu penso: "essa aí vou cantar pros meus filhos". E como minha veia literária hoje tá fraquinha fraquinha, vou montar a trilha sonora que vai estar com certeza separadinha, só esperando "o filho que eu quero ter".

A primeira do pódio, é claro, é "O Filho que eu quero ter", de Vinicius de Moraes e Toquinho. Linda, linda, linda. Mas choro litros.

"É comum a gente sonhar, eu sei
Quando vem o entardecer
Pois eu também dei de sonhar
Um sonho lindo de morrer

Vejo um berço e nele eu me debruçar
Com o pranto a me correr
E assim, chorando, acalentar
O filho que eu quero ter"


Em seguida, temos John Lennon com Beautiful Boy. Essa o John (íntima, não?) escreveu pro único filho que ele teve com a Yoko Ono, o Sean. No final da música ele termina com "darling, darling, darling, darling Seaaaan". Claro que, no caso, eu vou trocar a palavra daddy por mommy, né? =P E meu filho não vai se chamar Sean, porque (oi?) eu sou brasileira e sensata, gente. Mas imagina que lindo você cantar para um pequeno ser:

"Close your eyes
Have no fear
The monster's gone
He's on the run and your daddy's here
Beautiful, beautiful, beautiful
Beautiful boy
Beautiful, beautiful, beautiful
Beautiful boy"


Aí vem a terceira. Mesmo tendo ouvido zilhões de vezes, preciso cantar pros meus pequenos "Espatódea". O Nando Reis fez essa pra filhinha mais nova dele, por isso ele finaliza com "meu mundo não teria razão se não fosse a Zoe" (é, gente, o Nando pôs o nome da garota de Zoe. Tipo, como assim, né?). O Nando Reis escreveu essa música para a Zoe depois de ela reclamar que todos os filhos tinham uma música, menos ela. E a parte da "nuvem branca sem sardas" a descreve e o "minha cor, minha flor, minha cara" é porque ela é a mais parecida com o pai. Enfim, a música é linda e tá na minha lista:

"Minha cor
Minha flor
Minha cara

Quarta estrela
Letras, três
Uma estrada

Não sei se o mundo é bom
Mas ele ficou melhor
quando você chegou
E perguntou:
Tem lugar pra mim?"


A minha quarta é "As coisas tão mais lindas". Composta por Nando Reis, foi inicialmente gravada por Cássia Eller. Pesquisei e não encontrei, mas essa música foi escrita para algum dos filhos do Nando. Ou seria para o Chicão, filho da Cássia? Enfim, não importa, o que importa é que ela tá no playlist:

"Entre as coisas mais lindas que eu conheci
Só reconheci suas cores belas quando eu te vi
Entre as coisas bem-vindas que já recebi
Eu reconheci minhas cores nela e então eu me vi"


A propósito, lembrei agora. A música que Cássia ganhou em homenagem ao nascimento do Chicão foi "1º de Julho", do Renato Russo (inclusive ele também gravou essa música no CD deprê que adoro, "A Tempestade". Fica a dica!).

E tipo, fechando na quinta e sexta músicas, com certeza dedicarei aos meus pequenos as músicas que meu pai cantava pra eu dormir quando eu era pequenininha e dizia que eu tinha cheirinho de uma flor de jasmim (que puro ^^). As que mais me marcaram e lembram musiquinha de ninar são "Clareana" e a "Cigarra", que eu já cantei aqui outras vezes. (Lembram da minha voz? =D)

"Um coração
De mel de melão
De sim e de não
É feito um bichinho
No sol de manhã
Novelo de lã
No ventre da mãe
Bate um coração
De clara, ana
E quem mais chegar
Água, terra, fogo e ar"

"Porque você pediu uma canção para cantar
Como a cigarra arrebenta de tanta luz
E enche de som o ar
Porque a formiga é a melhor amiga da cigarra
Raízes da mesma fábula que ela arranha
Tece e espalha no ar
Porque ainda é inverno em nosso coração
Essa canção é para cantar
Como a cigarra acende o verão
E ilumina o ar"


Ok, não são só essas, tem ainda muitas. Um dia terei filhos, vocês vão ver. Falta só um pai (que também seja marido, ok?). Favor, fazer fila e não empurrar.

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

O amor.


Era noite e fazia frio. A trupe viajava novamente. Outra apresentação, novos olhares e os poucos aplausos de sempre. E eles viajavam, cansados, exaustos, realmente. Daquela vez a apresentação havia sido longe, muito longe. A cidadezinha era tão pequena, ninguém daria nada por ela. Exceto quando a noite chegava. Via-se no céu o brilho mais lindo. Ela olhou para cima e viu no céu as estrelas brilhando mais forte do que jamais havia visto, em anos de estrada, em anos de circo. Vinham todos sentados naquele ônibus empoeirado, carregado de equipamentos, roupas, coisas. E ele estava bem ali, ao lado dela. Mas ela não podia, não conseguia olhar para o lado. Em parte por causa da timidez, em parte poor causa do magnetismo das estrelas e em parte por que não representava ninguém naquele momento: era ela e somente ela, sem máscaras, pinturas, cores ou personagens. E isso era difícil, principalmente quando se sentia esse bem-querer, esse quase amar... Será que ela resistiria ver tanta coisa bela ao mesmo tempo? O certo é que todos os pensamentos foram aos poucos se embaralhando na mente. E as estrelas e o amor e ele ali ao seu lado e as estrelas e a estrada... A cabeça dela foi tombando lentamente no ombro dele. Ele mal respirava para não acordá-la, ela podia sentir o desconforto. O ônibus deu um sopapo. Ela tomou quase um susto, mas ele segurou-a carinhosamente, passou o braço pelas costas dela e a aconchegou. Ela ouviu um sussurro: "calma, pode dormir, eu protejo seu sono". Ela não dormiu o resto da viagem, mas também não ousou abrir os olhos. E foi a primeira vez que ela descobriu o amor.

"Um dia/ Posso até pagar por isso/
O impossível é meu mais antigo vício/
Ou então/ Um delírio do meu coração/
Que vê as coisas/ Onde as coisas não estão"

sexta-feira, fevereiro 13, 2009

Roda-gigante


Eu vivo falando de lembranças nesse meu blog. Mas é que as coisas mudam tão rápido. O tempo passa tão rápido... E me dá uma saudade, sabe?

Olha que coisa estúpida: reparei que tenho um orkut desde 2005 e dei uma olhada nos meus 6.651 recados. Nós estamos em 2009, gente. E eu vi os meus melhores amigos de 2005, aqueles que comecei a conhecer na faculdade, aqueles de que me afastei depois, ou que a vida foi me afastando lentamente. E as situações de 2006, 2007, 2008. E pensar que em 3, 4 anos as pessoas que acabaram de entrar na faculdade e se conhecer já vão saindo da faculdade e se vendo menos. E acabam os encontros marcados para fazer trabalhos, jornaizinhos comunitários, jornadas duras (e divertidas) de estagiários. De repente a preocupação passa de falta estágio para excesso de estágio. Depois passa para falta de monografia. Depois passa para falta de emprego e logo em seguida para falta de dinheiro. Depois vira falta de perspectiva. E você se vê conversando com dezenas de pessoas formadas. Mas você mal tinha entrado na faculdade!

E as pessoas que você achou que jamais iam casar, casam. E aquelas que até pouco tempo dividiam preocupações amorosas com você de repente já têm filhos! Algumas viajam, algumas fazem mestrado, algumas fazem doutorado. Algumas pegaram abuso de você em algum momento e você nem teve a oportunidade de descobrir o porquê. Algumas outras que choraram tanto e que você tanto consolou simplesmente somem. E algumas, embora distantes, você acha engraçado e bonito como fez parte de determinadas mudanças sem perceber.

Eu já sabia, mas de repente me toquei que faço alemão há exatos 4 anos e não falo nada. E morro de saudade da cultura e das minhas turmas e dos meus amigos e da nossa preocupação com as provas orais und die Bücher, usw... E o inglês? Foram 4 anos e eu terminei! E era tão legal comer pipoca doce misturada com salgada depois de sair de uma tarde de aulas na faculdade e me divertir naquela salas da CCB com aqueles poucos alunos que não eram da medicina! E eu lembro de ficar reclamando das turminhas da medicina da UFC que não pisavam no chão, e de rir with friends quando o livro de inglês fazia a gente ouvir músicas do tempo do ronca.

Em alguns poucos anos você conhece tantas pessoas e tantas pessoas te conhecem. Eu vi como me aproximei de pessoas distantes que depois viraram conhecidas e depois viraram melhores amigas. Eu me vi me apaixonar várias vezes e depois desapaixonar. Eu me vi ser magoada e depois cruelmente querer magoar. Eu vi determinadas relações de determinadas pessoas mudando tanto... E se blog não fosse algo tão público eu poderia mesmo contar cada história amorosa ou de amizade e todas as mudanças que eu nunca achei que fossem possíveis de acontecer, acontecendo.

E de repente eu penso: se tudo mudou tão rápido e drasticamente em tão pouco tempo, o que vai mudar nos próximos 4 anos? E o que mudou nos últimos 100, 200, mil anos em mim, na minha vida, nas minhas relações? Tudo muda tão rápido e você repentinamente se pergunta: quem está no controle? Porque embora você contribua para as mudanças, nada está plenamente nas suas mãos. E o pior: você não pode sentar para chorar. Você não pode sentar um pouquinho e pedir para parar a roda gigante por um segundo porque está sentindo vertigem. E o melhor: você ainda pode guardar umas saudades pra lembrar dos tempos bons. E pode aproveitar a roda gigante que não pára para sentir o ventinho no rosto, de vez em quando. Ou de vez em sempre.

(Saudade pode doer. Mas sem saudade, nem lembrança, o que seria de mim?)

"Eu hoje joguei tanta coisa fora
Eu vi o meu passado passar por mim
Cartas e fotografias gente que foi embora.
A casa fica bem melhor assim..."

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

Porque perto da linha do equador dia de chuva é que é bonito :)


It's raining, man! Aleluia!
It's raining, man! Amem!


Pequeno poema de após chuva:
"Frescor agradecido de capim molhado
Como alguém que chorou
E depois sentiu uma grande,
Uma quase envergonhada alegria
Por ter a vida
continuado ..."

Mario Quintana

segunda-feira, janeiro 12, 2009

"Direis ouvir estrelas"



"Direis ouvir estrelas
Certo perdestes o senso
E eu vos direi, no entanto
Que, para ouvi- las
Muita vez desperto
E abro as janelas,
Pálido de espanto
Enquanto conversamos
Cintila via láctea
Como um pálido aberto
E ao vir do sol,
Saudoso e em pranto
Inda as procuro pelo céu deserto
Que conversas com elas
O que te dizem
Quando estão contigo
Ah... Amai para entendê-las
Ah... Pois só que ama pode ouvir estrelas"

"Quando as estrelas começarem a cair me diz (me diz!) pra onde é que a gente vai fugir?"