terça-feira, outubro 06, 2009

Dos sorrisos


Eu tenho um amiguinho que todas as tardes, quando chego para almoçar na minha casa, passa com a mãe dele num carrinho de bebê pela minha rua. Ela vem empurrando o carrinho no meio da pista, num desfile sem platéia. (E os carros que se desviem!). Sempre está um Sol de rachar e ele vem muito tranquilinho, comendo qualquer porcaria dessas que crianças adoram e são bem pouco nutritivas.

Dia desses ele vinha com xilitinho desses de um real, muito feliz, balançando a cabecinha para os lados acompanhando uma música imaginária, enquanto a mãe nem olhava pra ele. De vez em quando ele puxava um salgadinho e oferecia para a mulher, que nem ligava já que nem olhava pro rebento. Adoro observar crianças, porque além de serem fofas, sempre fazem algo inusitado. Olhei pro meu amiguinho e ele me ofereceu um snack. Eu só dei um tchauzinho e ele retribuiu feliz com aquela mãozinha pequena cheia de sal de xilitos de um real. Virou a cabecinha lentamente e sorriu de novo e eu fiquei olhando atééé a mãe dele chegar no fim da passarela, digo, do quarteirão, e virar a esquina.

Quando eu entrei em casa, fiquei sorrindo ainda. Tenho essa mania: demoro a dissolver um sorriso. Aí eu fiquei pensando: a gente perde a capacidade de sorrir para a vida quando vai crescendo. Naquele dia resolvi sorrir mais. Não demorou para comentarem: tá com cara de apaixonada. Mas não era só cara, eu estava, sim, apaixonada. Mas era pela vida.

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