Eram três moças. Cada uma com uma mala cheia de caquinhos de coração.
A primeira pegou cola e pregou as partezinhas uma na outra com muito paciência. Colocou debaixo do braço e sentou na grama, muito aliviada.
A segunda mocinha esfarelou ainda mais os caquinhos e os pôs numa garrafinha. Numa panela, juntou o pozinho vermelho com 50 gramas de amizade, 50 gramas de carinho, uma coisinha de água e mais uma coisinha de areia. Misturou bem e voilá! Ficou uma beleza de coração, que ela pendurou no pescoço, muito faceira. Sentou ao lado da primeira e esperou, feliz.
A terceira costurou os retalhinhos de coração um a um com linhas muito coloridas e uma agulha bem fininha de costurar gente. Misturou com uns enxertinhos de patchwork e ficou uma coisa linda de se ver. Colocou no chão e deitou a cabeça no coração novo, bem ao lado das amigas.
Um dia, um vento de primavera trouxe um moço com cara de príncipe, que puxou a primeira mocinha para uma dança. Mas, a mocinha só sabia dançar valsa e ele queria tango. Música errada. Passo brusco. Coração no chão. Foi em três tempos que o primeiro coração remendado caiu. O rapaz fugiu de vergonha e a moça ainda junta os caquinhos sozinha até agora.
A segunda mocinha se achava prudente com seu coração pendurado no pescoço. Não ia deixá-lo cair. Mas veio um segundo moço, com uma carinha de inocente. Disse que era joalheiro, pediu pra ver o coração. Queria fazer corrente de ouro presse coração tão valioso. A moça prudente, que não era, afinal, tão prudente assim, tirou a peça do pescoço. O moço disse que ia cuidar, pra ela não se preocupar. Tropeço. Cuidado! Crash! Em três tempos o coração de joia virou pó. O rapaz disse que a culpa não tinha sido dele, deu desculpa que precisava trabalhar e sumiu. E a segunda moça ainda corre contra o vento com a garrafinha na mão, tentando juntar o pó de coração.
A terceira mocinha estava com a cabeça descansada no seu coração de patchwork. Veio um moço cansado e pediu um tantinho do coração almofada. Depois pediu um pedacinho de tecido pra remendar o coração dele próprio. Puxou a linha com força e... Fio quebrado. Alinhavo desfeito. Retalhos desconexos. Em três tempos os retalhos viraram um monte de pano sem utilidade. O rapaz disse que a culpa tinha sido dele, mas que não sabia costurar. Foi embora. Até hoje, a terceira moça tenta remontar o coração. Nunca acha a linha certa.
Moral da história: moços são muito desastrados, cuidado com eles.
Um comentário:
Que conto triiiiiste =~~~~
Acho que me identifico!
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