O facebook me lembrou que faz 5 anos que vovó Iraci desencarnou. Forte e teimosa. Às vezes (muitas) abusada, a baixinha. Perdeu o marido quando papai era criancinha, ficou com 2 meninos.
Pintou o cabelo de rosa com papel crepom depois dos 70. Dançava e atuava com o grupo da terceira idade. Quando o pai era criança, montava peça com ele de ator (até hoje ele sabe o texto final de uma delas, quando dramaticamente caía no chão).
Vó Iraci fazia um feijão até hoje rememorado à mesa lá de casa. Tinha também um pavê de abacaxi que ninguém nunca repetiu igual. Montava lembrancinhas todo Natal pra dar pros netos. Lembro de ter chocolate sempre.
Vaidosíssima - mesminha a neta que vos fala - vovó tinha uma penteadeira antiga, de madeira, meu paraíso de infância. Maquiagens, brincos de pressão bem brilhosos e enormes, colares... Vovó me proibia de mexer nos pertences dela, mas me deixava ficar no quarto com acesso a tudo. Por isso desconfio que ela queria era me ver montada e pintada com as coisas dela (apesar das ameaças de delatar tudo pra mamãe).
Não tenho fotos recentes com ela. Mas se olhar pro meu pai, dá pra ver um pouco dela, na semelhança daqueles olhinhos pequenos e a boca fina. O cabelo bem branquinho, liso e cheio. Mas menina, 5 anos que foi pro lado de lá. Obrigada, facebook. Não conto datas de morte, porque nem acredito na maldição dela, nem gosto de lembrar o doloroso dia da partida. Gosto mesmo da lembrança da jornada. E do conforto de saber que não existe separação quando existe amor. Um beijo, vó.
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