Com os pés na calçada alagada, as pisadas lentas e compassadas. A cidade chorava. O céu desabando em um dia melancólico e bonito. Os passos ainda seguiam lentos. Como se não houvesse atraso. Como se não existissem buzinas, fumaça, guarda-chuvas, multidões e ônibus lotados.
Um guarda-chuva colorido ilumina. Uma criança sorri sem dentes. Uma réstia de luz tenta sair em meio às nuvens carregadas em um cenário bonito, digno do Divino. Um barco de papel-jornal navega para a fatalidade: a queda em um bueiro das notícias de ontem (que parecem de hoje. Ou de amanhã.).
A vida parece irreal e as ruas seguem loucas. Mas para aqueles pés, para
aquela mente, lentas. Os passos seguem lentos porque o mundo dentro da
cabeça parou pra sentir a solidão da vida. Não existe amor. E nem dor.
Solidão. Chove e o mundo está árido.
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