O que se quer saber ao conhecer uma pessoa? Onde ela mora, que idade tem, com o que trabalha, onde estuda? Quais interesses ela tem? Política? Religião? Games? Música? E se tudo combinar as pessoas se tornam amigas, conversam sobre o dia a dia, querem saber se tudo está bem, falam do avião que desapareceu e podem até construir teorias malucas sobre o universo. São pessoas amigas. Gostam de conversar.
Mas, e as delicadezas? E a pessoa secreta que está por trás da pessoa política, da pessoa profissional, da pessoa de teorias malucas, da pessoa boa de conversar?
As delicadezas. Elas são difíceis de descobrir. Mas é assim: dentro de mim, ser próximo de verdade é saber de algumas dessas delicadezas. Por exemplo, eu gosto de limão: do cheiro, do gosto, da cor, de perfume com cheiro cítrico. Eu gosto de cheirar o limão quando vou ao supermercado.
Alguém aí sabe que quando eu estudava na escola lia toda a gramática antes do início do ano letivo? Não as lições, mas os textos, as poesias e os quadrinhos. E quando ia estudar aquela parte do livro ria de novo do Calvin e do Haroldo. Eu ainda compro gibis da Turma da Mônica. Eu escrevo gibi, mas falo revistinha.
Na livraria, eu passo as páginas do livro e discretamente sinto aquele cheirinho de novo. Logo depois, leio o começo e o fim dele para ver se consigo me emocionar. Gosto de livros com capas lindas. Também compro pela capa.
Eu gosto das músicas primeiro pelas letras e depois pela melodia. Algumas poucas só pela melodia. E gravo em CD, porque meu carro não tem entrada de pen drive e eu odeio o I-tunes. E canto em voz alta enquanto dirijo no engarrafamento e isso me faz sentir mais feliz.
Eu prefiro o sorvete de tangerina do seu Juarez do que o de chocolate da 50 sabores. Eu penteio meu cabelo pro lado esquerdo. Eu odeio meias. Eu adoro tirar o sapato quando estou no cinema ou na mesa do restaurante. Eu dirijo sem sapatos. Eu gosto que mexam no meu cabelo, a não ser que ele esteja sujo. E eu odeio cabelo sujo.
Eu presto atenção nos olhos das pessoas. Eu como bombons compulsivamente. Eu choro em filmes tristes porque eu sempre me coloco no lugar da personagem. Quando eu passo batom vermelho eu fico fazendo caretas no espelho por alguns minutos.
A maior parte das pessoas não quer saber das delicadezas. Mas são as delicadezas que apaixonam! Eu fico cantando "posso até me acostumar". Mas ainda não me acostumei.
"Posso até me acostumar
E deixar você fugir"
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