sábado, agosto 28, 2010

Francamente, foi de graça

Eu achei por esses dias um fanzine feito por três amigos muito queridos, que na época nem eram assim tão amigos. Faz tempo, nem sei como tinha esse zine por aqui ainda. Só sei que essa poesia aí, que, descobri, é um sambinha, estava na primeira página dele. Não sei porque esse textinho sempre me vinha à lembrança, acho que por ser tão inteligente. Afinal, quam não daria 25 cruzeiros para esquecer um amor doloroso, hein? Esquecer alguém demora tanto, não dá pra rasgar as lembranças tão facilmente. Aposto que você também daria 25 cruzeiros para alguém destruir as provas da felicidade de outrora. Francamente, é barato. Amor velho é um atraso de vida.

Praça Clóvis - Paulo Vanzolini

"Na praça Clóvis
Minha carteira foi batida
Tinha vinte e cinco cruzeiros
E o teu retrato
Vinte e cinco
Francamente achei barato
Prá me livrarem
Do meu atraso de vida
Eu já devia ter rasgado e não podia
Esse retrato cujo olhar me maltratava e perseguia
Um dia veio o lanceiro
Naquele aperto de praça
Vinte e cinco, francamente, foi de graça"

2 comentários:

Erica disse...

Eu pagaria até mais! Quer dizer, até uns dois reais...

salamandra mágica disse...

Pois é, Érica! A gente paga, mas não muito! Depende se a pessoa vale uma nota de 2 ou uma de 10. =P Mas seria bom se rasgar uma foto rasgasse também uma memória, né?