segunda-feira, janeiro 18, 2010

É que eu sou tímida.

É um vento soprando, é um frio. É música, poesia, amor, é vento, é frio, é morno, é quente. Tudo ao mesmo tempo. Disseram que é amor. E deve ser, porque alguma coisa ameaça explodir, de 5 em 5 minutos, aqui dentro.

E é um fechar de olhos para abrir e constatar: não é sonho. É mão, é braço, é ombro, é boca. É vida pulsando. Eu, pulsando.

É tudo pra você. Tudo. E porque é que eu não digo? É que eu sou tímida. Mas, no fim da contas, precisa?


"Assim
Ruivo e do meu tamanho
Assim
Míope e descabelado
Assim
Louco e apaixonado
Extrovertido
Quente
Diferente
Ardente
Tímido
Original".
(Sua)

Coisa Amar

Coisa Amar

"Contar-te longamente as perigosas
coisas do mar. Contar-te o amor ardente
e as ilhas que só há no verbo amar.
Contar-te longamente longamente.
Amor ardente. Amor ardente. E mar.
Contar-te longamente as misteriosas
maravilhas do verbo navegar.
E mar. Amar: as coisas perigosas.

Contar-te longamente que já foi
num tempo doce coisa amar. E mar.
Contar-te longamente como dói

desembarcar nas ilhas misteriosas.
Contar-te o mar ardente e o verbo amar.
E longamente as coisas perigosas."

Manuel Alegre

quarta-feira, janeiro 13, 2010

Quem mexeu no meu ano novo?

Ei, onde está meu ano novo novinho em folha? É que no início do ano a gente faz esportes, promete trabalhar menos, organizar os horários, amar mais, perdoar mais, comer menos (bem menos), fazer esportes, ser saudável. Mas ando tão esgotada que nem lista fiz. Ando tão esgotada que nem textos legais sei mais fazer. Nem planejamentos, nem projetos. Alguém tem fôlego sobrando que possa me arranjar só um tiquinho?

Muito bem: quem mexeu no meu ano novo pode parar de brincadeira, por favor?

sexta-feira, janeiro 01, 2010

Adeus, ano velho.










Vai, ano velho

Vai, ano velho, vai de vez,
vai com tuas dívidas
e dúvidas, vai, dobra a ex-
quina da sorte, e no trinta e um,
à meia-noite, esgota o copo
e a culpa do que nem me lembro
e me cravou entre janeiro e dezembro.

Vai, leva tudo: destroços,
ossos, fotos de presidentes,
beijos de atrizes, enchentes,
secas, suspiros, jornais.
Vade retrum, pra trás,
leva pra escuridão
quem me assaltou o carro,
a casa e o coração.
Não quero te ver mais,
só daqui a anos, nos anais,
nas fotos do nunca-mais.

Vem, Ano Novo, vem veloz,
vem em quadrigas, aladas, antigas
ou jatos de luz moderna, vem,
paira, desce, habita em nós,
vem com cavalhadas, folias, reisados,
fitas multicores, rebecas,
vem com uva e mel e desperta
em nossso corpo a alegria,
escancara a alma, a poesia,
e, por um instante, estanca
o verso real, perverso,
e sacia em nós a fome
- de utopia.

Vem na areia da ampulheta com a
semente que contivesse outra se-
mente que contivesse ou-
tra semente ou pérola
na casca da ostra
como se
se
outra se-
mente pudesse
nascer do corpo e mente
ou do umbigo da gente como o ovo
o Sol a gema do Ano Novo que rompesse
a placenta da noite em viva flor luminescente.

Adeus, tristeza: a vida
é uma caixa chinesa
de onde brota a manhã.
Agora
é recomeçar.
A utopia é urgente.
Entre flores de urânio
é permitido sonhar.

Affonso Romano de Sant'Anna