domingo, março 08, 2009

Ela e a Felicidade


Onde é que ela estava? Onde foi parar, onde? Passou a vida procurando, procurando. Mas ela passa o tempo se escondendo, a danada. Quando criança achava que viajar para aquele sítio era um sonho. E nem era dela, o sítio. Mas ela gostava, sim. Amava mergulhar naquela piscina e se esconder naqueles armários gigantes. Corria, subia nas árvores, pegava os bichos e os bichos a pegavam. Naqueles tempos ela sentia bem ali na mão, a felicidade. Mas como fugia, a danada. E como foge! Nessinstante tava aqui e depois... depois virou lembrança. Ela foi crescendo e também a cara daquele lugar mágico. E, saudosa, ela lembrava do tempo que passava horas passeando com as bonecas no lugar. E o parquinho? Ah, o parquinho era essencial. Era lá que ela brincava e depois de preparar tortas de lama e se sujar toda, banhava-se na bica e caía na piscina de novo. Mas agora o parquinho tinha perdido o brilho, sabe? Ou era ela que tinha crescido? Não, foi o tempo. O tempo, meu amigo, o tempo não brinca, ninguém fica parado nele. E ela, que queria mergulhar os momentos no formol, se sentia melancólica. Mas o sítio ainda tinha sua magia. Pois não era lá que ela ia com os novos amigos? Os do peito, os essenciais, que faziam ela se sentir querida. E eram tardes de piscina e convivência e brincadeiras e música, muita música. E ela achava de novo a felicidade. E parecia que o sítio também percebia que a danada havia voltado. Tempos áureos de novo, o sítio pressentia. Era alegria dentro da casa. Ela já não cabia nos armários, que estavam sendo devorados por alguns raros e famintos cupins. Mas ela ainda cabia nos lugares. E as madrugadas dali escondiam segredos que morreriam ali. E ficariam lembranças, muitas lembranças. E ficaram. Porque mais uma vez o tempo, esse implacável, varreu tudo e se teve de começar tudo de novo. Ela que agora nem mais tempo tinha, quando conseguiu voltar no sítio, sentiu dó, melancolia, saudade e tristeza, tudo junto. Porque ela tinha certeza de que tinha esquecido a danada da felicidade ali. Mas quando chegou só encontrou guarda-roupas carcomidos, parquinho com teias de aranha e um morador solitário que vigiava mais seus pensamentos do que a própria casa, balançando um corpo semi-inerte para lá e para cá numa cadeira de balanço. Talvez fosse necessário procurar a danada em outras paragens. Mas a pergunta era: quais? Não sabia. Pegou uma mala, encheu com suas lembranças e foi embora sem olhar para trás. Ao longe, o barulho repetitivo da cadeira de balanço do velho morador.

"Natural é ter um trabalho, um salário
Um emprego
Nome confiável
Respeito na praça
Mas afinal o que é felicidade?
É sossego
Nesse mundo pequeno
De tempo e espaço
Ela só vem dizer que quem nasceu já conquistou
O reino de Deus é um direito
Não é um milagre"

2 comentários:

Alana disse...

Também perdi a danada em um sítio por aí :~~~~

Mas até que a encontro de vez em quando, quando estou na companhia das pessoas que fizeram parte (e, sim, ainda fazem) dessa felicidade ^^

Te amo, xuxu ;***



*P.S.: Tive que digitar 'hyomey' pra postar esse comentário! Medo, muito medo! =P

Edu disse...

sei la...acho que ela..a tal de Felicidade esta onde cada um de nós esta! podemos estar só, acompanhado...em um sítio, em uma praia..ou ate mesmo em uma fila de banco! rsrs. basta procurar com cuidado! 'felicidade se acha em horinhas de descuido'
^^

bjooo!

ps: esse blog ja é parada obrigatória!