quarta-feira, fevereiro 25, 2009

O amor.


Era noite e fazia frio. A trupe viajava novamente. Outra apresentação, novos olhares e os poucos aplausos de sempre. E eles viajavam, cansados, exaustos, realmente. Daquela vez a apresentação havia sido longe, muito longe. A cidadezinha era tão pequena, ninguém daria nada por ela. Exceto quando a noite chegava. Via-se no céu o brilho mais lindo. Ela olhou para cima e viu no céu as estrelas brilhando mais forte do que jamais havia visto, em anos de estrada, em anos de circo. Vinham todos sentados naquele ônibus empoeirado, carregado de equipamentos, roupas, coisas. E ele estava bem ali, ao lado dela. Mas ela não podia, não conseguia olhar para o lado. Em parte por causa da timidez, em parte poor causa do magnetismo das estrelas e em parte por que não representava ninguém naquele momento: era ela e somente ela, sem máscaras, pinturas, cores ou personagens. E isso era difícil, principalmente quando se sentia esse bem-querer, esse quase amar... Será que ela resistiria ver tanta coisa bela ao mesmo tempo? O certo é que todos os pensamentos foram aos poucos se embaralhando na mente. E as estrelas e o amor e ele ali ao seu lado e as estrelas e a estrada... A cabeça dela foi tombando lentamente no ombro dele. Ele mal respirava para não acordá-la, ela podia sentir o desconforto. O ônibus deu um sopapo. Ela tomou quase um susto, mas ele segurou-a carinhosamente, passou o braço pelas costas dela e a aconchegou. Ela ouviu um sussurro: "calma, pode dormir, eu protejo seu sono". Ela não dormiu o resto da viagem, mas também não ousou abrir os olhos. E foi a primeira vez que ela descobriu o amor.

"Um dia/ Posso até pagar por isso/
O impossível é meu mais antigo vício/
Ou então/ Um delírio do meu coração/
Que vê as coisas/ Onde as coisas não estão"

Um comentário:

Alana disse...

Aiinnn :~~~~

Queria descobrir um amor assim também ;/

Talvez um dia eu viaje num circo e veja estrelas apaixonantes ao lado de alguém que será tão belo quanto elas ^^


;***