segunda-feira, junho 25, 2007

Bom dia!

Hoje um Raio de Sol danado insistiu em me acordar. Eu tentei me esconder dentro de mim. Eu juro que eu tentei. Mas é que ele veio tão de mansinho, carregando aquelas particulazinhas de poeira. Eu senti o hálito quente do raiozinho: "bom dia".

Bom dia! Mas hoje meu dia ia ser de cão, raiozinho de Sol danado! Estraga tudo.

Suspiro. Mas que diazinho mais lindo amanheceu nesse mundinho pequeno de meu Deus!


"Sobre os poetas
O mágico nunca conta os seus segredos
O poeta nunca explica uma entrelinha"

Rita Apoena

quinta-feira, junho 21, 2007

Educação é tudo

Educação é tudo, já dizia minha mãe. Taí algo de que eu não posso reclamar que não tive: E-DU-CA-ÇÃO. Talvez o mundo esteja assim, viradinho-da-silva, pela falta da danada da educação.

Não, educado não é só aquele que dá bom dia, diz "saúde" depois de um atchim, ou come de boca fechada. Não, não! Para mim, ser educado vai bem mais além (mas muito mesmo). Poucas foram as pessoas verdadeiramente educadas que eu encontrei nessa minha vidinha. Sabe aquele seu amigo que não ri das quedas alheias? Não, nem daquelas gigantescas, com direito a torcida de pé. Fresco, você diz. Sem-gracinha, no mínimo. Pois eu digo: ele é educado. Sabe aquela sua amiga que não fura a fila do banco de jeito nenhum e não passa na frente de seu-ninguém? Besta, você diz. Certinha, no mínimo. Talvez você não diga nada disso, porque você, meu amigo, deve ser educado, assim como a que-não-fura-fila-nem-pelamordedeus. Assim também como aqueles poucos que valorizam os sentimentos, que respeitam, que ajudam, que seguram os livros das pessoas nos ônibus, que se preocupam e se colocam no lugar do outro, enfim.

Num desses dias de sol escaldante, paramos eu uma amiga para tomar um refrigerante (como estava calor, rapaz). Era hora do almoço e nós, pobres trabalhadoras não-assalariadas, contentamo-nos em dividir um refrizinho e falar mal da vida. Na mesa ao lado um menininho morto de fofo. Não pude resistir à fofura do garotinho. "Qual a idade dele?", perguntei pra mãe. Ele tinha um ano e alguns meses. Tentando demonstrar a sapequice do filhote, o pai solta a pérola: "Paquera com elas, filho". A fofurinha, com as bochechas cheia de baião-de-dois e os cabelos molhados do mar da praia, pisca os olhinhos pra nós duas. Hehe. Bonitinho. Também achou, né? Ele nem entende mesmo o que é paquerar. Mas espera uns 7 anos. É por isso que as crianças crescem cada vez mais rápido, meu Deus.

É, amigos. Estão achando radical demais? Então lembrem daquele menino de sete anos que o pai chama para ver as mulheres lindas, gostosonas e semi-nuas no Carnaval. O filho é muito macho, ele diz. Parabéns, papai. Você está criando um novo canalhinha. Sim, ele vai se lembrar disso quando crescer. Sim, ele vai desvalorizar as mulheres por onde passar e, de quebra, vai achar que o corpo é o mais importante no sexo oposto. E depois talvez ele seja aquele quarentão que ainda acha que é adolescente e só quer curtir. Ou aquele que trocou a mulher de 40 por duas de vinte. (É, aquele mesmo, que descobre um dia que jogou a vida no ralo do banheiro mais sujo da cidade).

Eu estou olhando pro mundo agorinha, mãe. Meio revoltada, é verdade. É, mãe, você estava certa. Educação é mesmo tudo. E, Quintana, concordo que "é um mundo louco, esse nosso mundo".

Ariane
(hoje se dando o direito de terminar não com um, mas com dois trechinhos de músicas)
"Vem comigo procurar algum lugar mais calmo
Longe dessa confusão e dessa gente que não se respeita
Tenho quase certeza que eu não sou daqui"
"Hoje eu tenho apenas uma pedra no meu peito
Exijo respeito, não sou mais um sonhador
Chego a mudar de calçada
Quando aparece uma flor
E dou risada do grande amor
Mentira..."

sábado, junho 09, 2007

Ponto de ônibus. Banquinho vago. Pensando na vida e cantando baixinho "I can't always be waiting, waiting on you. Tchans-tchans-pã pã pã". Depois de passar minutos infindos perguntando coisas que a mãe não se digna a responder, olha pra mim. "Mãe. afasta aí. Deixa eu sentar no meio".
-Oi. Isso daqui é teu?
-Não, meu bem. Não é, não. - Olho pra rua. Não, não é meu ônibus. "waiting, waiting on yoooouu".
-Achei no chão. Humpf.
-An-ham. - é, eu não estava para conversa.
-Vai pra onde, hein?
-Ahn?- "I can't always be playing, playing your foooool".
-Pra onde que tu vai?
-Ah! Pra casa. E tu? - molequinho engraçado. Hehe.

-Pra onde a gente vai mesmo, mãe?
-Pra casa da Fulana, filho.

-Pra casa da Fulana. :)
-O que tu vai fazer lá?

-Mãe, o que a gente vai fazer lá?
-Levar ela pra cortar os cabelos.

-A gente vai levar ela pra cortar os cabelos!
-Hum. - é, eu tinha ouvido- Quantos anos tu tem?
-Assim ó!- Eram quatro dedinhos mínimos. Um ele abaixou com a outra mão. No fim ficaram três, bem apertadinhos.

-Vamo, filho. Chegou. - corre, corre.

-Tchau ^^
-Tchau, amigo ^^

Crianças são mesmo muito espôntaneas. Invejinha.