terça-feira, fevereiro 27, 2007

Reportagem velhinha. De 18 de Abril do ano passado. Cuidado com o cheiro de mofo ^ ^

Era uma vez... O dia 18 de Abril


Ariane Adla

Era uma vez um menino. Um menino comum, desses criados em fazenda. Um menino que gostava de brincar e de criar brinquedos. Tinha boneco feito de chuchu, tinha boneco feito de todo tipo de fruta e de verdura. E era uma vez o dia do aniversário desse menino: 18 de abril.

O menino foi crescendo e descobrindo muita coisa, como os meninos que crescem costumam descobrir. O nosso menino (que já não era tão menino assim) descobriu que gostava de escrever. E gostava de crianças. Gostava do seu país, o Brasil. E resolveu passar o resto da vida dividido entre suas grandes paixões: as letras, as crianças e o seu Brasil. “Um país se faz com homens e livros”, ele dizia.

E foi escrevendo livros que o nosso pequeno menino se tornou um grande homem e escreveu na história do seu amado país seu nome: Monteiro Lobato.

É por causa do nosso Monteiro Lobato que nós comemoramos o Dia do Livro Infantil no Brasil exatamente no dia 18 de Abril (dia do aniversário do ex-pequeno menino, veja só).

À época de Lobato, os livros infantis eram ainda os clássicos. A grande maioria sem ilustrações ou atrativos para os “adultos em miniatura”. Foi ele o pioneiro na utilização de gravuras atrativas e coloridas nos livros não só infantis. Foi ele, aliás, o criador da primeira editora, a Monteiro Lobato & Cia. “Livro é sobremesa: tem que ser posto debaixo do nariz do freguês", dizia ele que, para provocar a gula do leitor, tratava o livro como um produto de consumo como outro qualquer, cuidando de sua qualidade gráfica e adotando capas coloridas e atraentes.

Lobato utilizava uma linguagem inovadora e envolvente para falar com as crianças sobre os mais diversos assuntos, tornando a gramática e aritmética, por exemplo, coisas gostosas de se aprender.

Ele publicou quase 30 livros infantis que são dignos de serem saboreados pelo público de todas as idades. É como disse um amigo de Lobato, o crítico e ex-presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), Edgar Cavalheiro, “Lobato é mais do que o autor de um grande livro infantil: é autor de toda uma saga, todo um rocambole que faz as delicias dos meninos de 8 aos 80 anos."

E podem ser mesmo saboreados por qualquer idade, como atesta a professora do Ensino Fundamental I, Larissa Gifoni. Ela é a prova viva de que os infantis de Lobato, não só os do Sítio do pica-pau amarelo, são perfeitamente consumíveis por qualquer público. “Eu mesma fiquei encantada quando li ‘História do mundo para as crianças’, como ele explica as coisas de uma maneira tão simples e atrativa ao mesmo tempo. Não me canso de estar sempre lendo Lobato. E por um momento achei que os meninos da minha turma iam dar um pouco de trabalho para ler os livros dele, mas eu tive uma surpresa”.

E que agradável surpresa! Em comemoração ao dia do Livro Infantil, Larissa resolveu trabalhar com as crianças da primeira série o autor Monteiro Lobato e a leitura de seus livros.

Em primeiro lugar ela contou essa mesma história que você acabou de ler sobre a vida do escritor em linguagem infantil. Em um segundo momento Larissa apresentou os livros de Lobato e fez algumas atividades de contação de histórias do Sítio do Pica-Pau Amarelo.

O resultado superou as expectativas: as crianças passaram a buscar os livros infantis sem que fossem obrigadas a ler. “Eu me surpreendi, realmente. Eu não achava que aquelas crianças de 6 a 8 anos iriam agüentar ler aqueles exemplares de mais de trezentas páginas, como são as edições que nós temos na nossa mini-biblioteca. Mas esses exemplares foram muito procurados. Eles passavam horas lendo, pediam para levar para casa. E tudo aconteceu de uma forma completamente natural”, conta Larissa, que fez uma pequena biblioteca só com livros de Monteiro Lobato na sala de aula, à parte da biblioteca da escola.

Vítor Abreu, de 7 anos, foi um dos que se empolgou bastante com a pequena biblioteca na sala de aula. O menino se identificou muito com a história do menino Monteiro Lobato e com as histórias que ele escreveu. Até boneco de Sabugo de Milho ele já tentou fazer. “Mas esse que eu fiz não falava”, fez questão de frisar.

Apesar de ter saído da alfabetização há pouco tempo, Vítor diz que não acha que os livros de Monteiro Lobato sejam cansativos. “Tem gente que se assusta quando vê assim desse tamanho os livros. Mas você lê de pouquinho em pouquinho e é tão legal que você nem vê o tempo passar. Quando você vê já tá no fim”.

Ele se identifica mais com o personagem sábio Visconde de Sabugosa e com a ‘asneirenta’ Emília: “A Emília tá sempre fazendo confusão. Mas no fundo ela boazinha, mesmo ela não tendo um coração costurado nela. Ela é muito engraçada. O Visconde, ele sabe muita coisa. Eu quis fazer um pra mim, mas o meu não criou vida, não”.

E é utilizando o recurso que a professora Larissa utilizou, a contação de histórias, que o escritor cearense Almir Mota incentiva os pequenos no projeto Casa do Conto.

O projeto acontece na biblioteca pública Menezes Pimentel, em Fortaleza, e tem como proposta o incentivo à leitura. Uma boa idéia para os professores que já atestaram que a contação de histórias é um bom recurso para chamar a atenção dos alunos para os livros. E uma ótima oportunidade para criar nas crianças o hábito de freqüentar a biblioteca, local muito esquecido nos dias de hoje em todas as cidades.

Na Casa do Conto, Almir e sua equipe se caracterizam com roupas diferentes (vestidos compridos, chapéus, roupas coloridas) e contam diversas histórias aliadas a músicas. “As pessoas perguntam como é que isso incentiva a criança a ler. Depois da história, é normal a curiosidade delas pelas histórias escritas. E nós todos conduzimos as crianças às prateleiras. Elas adoram. A média de crianças aqui chega a 50, em período de aulas”, diz Almir Mota.

É o caso de Pedro Dezimón, de 9 anos. Ele começou visitando a Casa do Conto e hoje vem todos os dias à biblioteca. “Eu peço pro meu pai me trazer e eu fico aqui enquanto ele trabalha. Eu participo das histórias aqui e leio e desenho bastante, porque eu quero ser escritor e desenhista”, conta-nos. É o futuro do país dentro das bibliotecas.

Um comentário:

kleine kaugummi disse...

lobato !

atchim!atchim!
(alérgica)

=*