terça-feira, setembro 29, 2015

Doeu. Passou.

Subi no último galho
Da azeitoneira do quintal
Eu não tive medo
(Eu tive foi pavor, mas é normal)
De lá te vi
Você sorriu. Caí.
É que o seu olhar me enclausurava.
(Eu achava, achava mesmo 
Que você me amava)
Eu achava até que eu te amava!
Eu achava...

Caí do último galho
Da azeitoneira do quintal
Eu não tive pavor
(Eu tive foi dor, mas é normal) 
Do chão, te chamei. Travei.
É que o seu chorar me encabulava.
(Eu achava, achava mesmo
Que você me cuidava)
Eu achava até que você voltava!

Eu achava...

Que você era o meu galho
(Paspalho!)
Que você era meu mundo
(Imundo!)
Que você era normal
(Que mau!)
Que você se preocupava
(Que parva!)
Que você não machucava
(Eu achava!)

Pisou, matou, cuspiu
(Sorte que o amor não viu -
Porque nunca foi amor).
Amar não é viver ameaçada
Amor não é'essa eterna caçada
Não faz bem viver enclausurada
No medo de não ser a coisa amada. 

Amar é não precisar subir na azeitoneira
nem se jogar, nem se afundar, nem nada
É de repente se perceber amada.
(Me agrada)
Querer bem de graça.
(Não passa!)
Um abraço que não se finda.
(Não finda!)
E fica sempre melhor ainda.

quarta-feira, setembro 16, 2015

Rindo

Atravessei a rua cantando
aquela música que você mandou
quando eu estava pensando
em sair do mundo sem avisar

Você nem sabe que eu pensei
em matar de modo sórdido
que eu vi aquele cara
em um funeral bem mórbido
E eu rindo rindo rindo

Eu pensei em um caminhão
Cheio de flores e perfume
atropelando aquele cara
E um cortejo fúnebre sem ninguém
Só eu rindo rindo rindo

Mas você mandou aquela música
O seu coração tão triste
Mais triste que o meu coração
De repente eu esqueci
Que estava tudo negro

Aquela música de Sol
Aquela música feliz
Você e o seu humor
Você e o seu sorriso
E eu rindo rindo rindo