"Ouve o teu coração
Batendo travado
Por ninguém e por nada
Na escuridão do quarto"
(Ouça na voz do Ney Matogrosso ou da Adriana Calcanhoto)
quarta-feira, julho 28, 2010
sexta-feira, julho 23, 2010
A menina dos olhos.
Alana tem uns olhos lindos. Faz um quarto de século que ela nasceu (tão pouquinho em relação a todo o tempo do mundo) e os olhos dela sempre foram lindos. Tão lindos que Ariane, sua irmã, desconfia que Deus resolveu preservar os olhos dela desde que os criou. Sim, Deus deve ter dito: eles são minha obra-prima, não vou mudá-los de uma encarnação a outra. Mas Ariane só pensa assim porque enxerga nos olhos da Alana duas plumas confortáveis que fazem carinho dentro do coração dela. Uma cosquinha de saudade, de lembrança. Tanta, mas tanta lembrança que não há de ser só de um quarto de século, sabe como é?
Mas são olhos tímidos, esses da Alana. Olhos danados que escondem, às vezes, a alegria que a Alana insiste em guardar para poucos. Escondem uma delizadeza, uma leveza, que às vezes é coberta por uma nuvem escura de chuva que a Ariane sempre pensa que é melhor que chova logo e deixe vir aquele Sol de novo. Aquele Sol dos olhos da Alana é inconfundível. Ah, quem não o conhece vive em um mundo triste. Talevez a Alana pense: porque a Ariane é assim tão metida a engraçadinha? Ora, ela quer ver um sorriso que desanuvie o par de olhos mais lindo que Deus já fez. Aqueles com Sol quente.
Alana, agradeça a Deus pela Ariane por esses olhos de Sol? Agradeça a Ele por esse amor que sai dessas suas janelas verdes? E abra as janelas para um dia sem nuvens, por favor?
Alana, quer ouvir um segredo? Chega mais perto pra ouvir: Ariane ouviu o vento soprar que o futuro de vocês é tão feliz quanto o presente. Ele disse meio soprando dentro do ouvido dela: um futuro lindo, com olhos desanuviados que entram dentro dos outros sem o mínimo pudor. Não parece lindo?
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